Tuesday, November 30, 2010

Artificial




Olho em redor
e tudo me parece plástico
Artificial

Subo ao palco,
ajusto o microfone,
digo uma palermice qualquer
os aplausos...
Artificial.

Palavras consumidas como fast-food, 
ignorando melodias gourmet
Artificial.

Pedes perdão mas já vens tarde.
Quem és tu?
Não mais existes na minha vida.
Tudo foi... Artificial.

Tudo tem a sua devida utilidade,
mesmo quando forrado a falsidade.
Quanto mais não seja lembrar o que é ser real.

Foge-se dos fantasmas que marcam presença.
Ou puxa-se mesmo por forma a se poder justificar a acção
repetida à exaustão
que prende e não deixa avançar.
Artificial

As tetas de silicone acabam por ser o menor dos males.
Já relativamente aquela coisa cinzenta... se existente...
localizada um pouco abaixo dos cabelos... se existente...
o mesmo não se pode dizer.
Não tanto a massa em si, 
mas mais as ideias que produz.
Artificial.

Tu que aqui estás, 
marcas a presença num evento cultural 
pois é fashion
partes e nada levas daquilo.
És artificial.

Artificial.
Obrigado por me ajudares a ser mais Real.


Saturday, November 27, 2010

O Tasco



A noite,
por vezes
na sua imensidão
lembra-me da tamanha solidão.

Perde-se no infinito
na procura da pessoa que aparento ser.
Isento de essência,
navio de alma vazia,
pejada de uma esperança vã
que sempre fica por realizar.

A dor do não ser,
esconde-se por entre as ilusórias manhãs
que disfarçam trazer apenas a alegria
quando na realidade apenas o acordar na mesma...
realidade crassa e de pouca utilidade aplicada.

Dou-te mesmo a mão,
mas a mesma fica pendurada no ar,
por entre ventos que sopram de todo o lado.

Nós sempre o enfrentámos,
nunca virámos costas,
mesmo quando a situação assim o pede.

Reverte em favor de uma incerteza
que teima em não se fazer permanentemente ausente.

Penso que está na hora da minha morte
E nem as botas consigo descalçar.
Cinco velas e a minha Sepultura
há espera de me acolher nas suas fileiras.

Espera... já vou.
Não é propriamente quando queres.
É mais o como e o porquê.
Aqui vou eu sem bem entender o quê.

 O que importa é que estamos aqui,
mas eu não vou durar,
não vou chorar....

After all,
the winner takes all...
E eu... fecho o tasco.
Tudo a andar...

Friday, November 26, 2010

Era mortíço mas virou enguiço...



Era para ser assim...

Existe uma linha muito ténue
quase invisível
que nos separa.

Deste lado o ser
vs o desse,
o ter.

Plagiando a ideia,
escrevo Roma,
apenas que lida ao contrário.

Sem motivo nenhum, 
aparente pelos menos.
Simplesmente é giro.

E giro em torno de um conceito ilusório
que ilumina a minha mente, 
tal como uma traça que voa
à volta de uma lâmpada
que dá luz ao breu, 
nos faz ou tenta nos lembrar que não estamos sós.

Para todos nós, 
existe um farol lá bem ao fundo
que alumia a estrada de cascalho 
que jaz à nossa frente.

Adverso a conceitos, 
já por mim impostos, 
ou pelo menos na ilusão de serem meus
sigo o meu caminho.
E não serão os tropeções a me deterem por certo. 

Pinto e vivo da tela que me alimenta,
sorvo o destino que me acompanha
e tento ignorá-lo,
mas ele não se vai.
Fica.

Elimina a possibilidade
ao fazer a escolha 
que representa a ausência de ideias,
pelo menos aparente,
meio demente
e não vale a pena puxar pela mente, 
pois essa já está condicionada.

Não gosta de perder,
no entanto joga para tal.

O cansaço marca a sua presença, 
o corpo prestes a ceder.
A mente já há muito se apagou.

Do coração nem vale a pena falar.
Há muito se extinguiu 
e segue por aí perdido 
à procura de fogo que o aqueça. 

Dá-se a moleza.
Não são tons de pobreza,
mas sim de uma alma que procura mais
e ficasse por tudo aquilo que já tem.

Não importa se vais.
Eu fico,
porque daqui não sou capaz de sair.


Thursday, November 25, 2010

Flor literária



Falo de mim para ti 
aquilo que a minha alma te quer contar,
as minhas estórias do faz-de-conta
e do enganar,
como quem joga papelinhos para o ar.
É tudo uma festa.

O mim,
em ti.

O ti,
em mim.

O nós.

Falo de ti para mim
aquilo que quero te ouvir dizer.
Quero que me segredes ao ouvido,
como o fizeste na última noite,
em que me derreti com as tuas palavras,
me desfiz quando me tocaste.
Quase que morri por segundos apenas.

Segundos de morte essa que marcam a minha vivência. 
Pelo menos esta... positiva.

Na rima me perco
na prosa te envolvo,
com as minhas letras te toco,
e tudo à nossa volta é papel. 

Vamos escrever um livro, 
manchar as folhas de papel
com perfume da nossa essência liquida e permanente.

Nasce a flor da nossa união,
jamais ilusão,
pura tesão.

Foi mágico...

Sonhei...

Agora o.... fazer.

Wednesday, November 24, 2010

Salganhemos... com sabor a bolo



Pintas os muros da cor que pintas os teus dias.
As formas que se vislumbram, reflexo do teu ser.

Morrer nunca foi alternativa,
tão pouco o viver.
Afinal em que ficamos?

Sentir, 
ouvir mais um pouco a banda a passar,
os dias a contar,
em momentos que ficaram por marcar a sua presença.

Ausência,
por certo marcado de uma incerteza ilusória,
de uma mão que se estende em direcção ao infinito 
procurando atingir sabe-se lá o quê...
Como se isso importasse.

Importa, 
pelo menos para mim.
Quem me lê por certo se questiona. 
Quanto mais não seja do infinito número de barbaridades que vou escrevendo.

Irei por certo servir de exemplo, 
A todos os doutorados e catedráticos,
bobos, tolos e intelectualóidezinhos pequeninos.
Mesmo muito pequeninos,
daquilo que não se deve fazer.
Eu é mais é bolos.
Com creme ainda melhor.

Não é por certo um fim.
É apenas mais um inicio,
tentar inovar quando tudo já foi dito,
escrito, 
pensado, 
relatado,
descrito, 
no crivo de uma civilização à beira de repetir exactamente todos os erros
já outrora realizados num passado,
por vezes nem tão distante quanto isso.

Bolas.... chouriço.
hm... este texto já começa a ter muitos sabores exóticos.
hm... o dilema.... 
escrever ou....
decidido... 
sejamos coerente...
Eu é mais é bolos... 
logo, frigorífico com ele...

Como ele, 
no meu caso ela...
diabo... 
na minha mente soa sempre mal...
Ora bem...
pura demência...

Escrita,
fome, 
demência...
Tudo excelentes ingredientes para se cozinhar um texto de qualidade.
Por muita que a mesma seja de origem duvidosa.

Assim sendo...
Começamos?

Tuesday, November 23, 2010

Vento



Vento porto de abrigo
Vento ponto de alento
lento e calmo
abraça a voz que vocifera lá bem ao fundo
lá no fundinho 
que segreda bem baixinho
no recanto escuro onde a luz não chega.

Vento do alento 
que sopra com toda a bravura
daquela que me falta
de uma luta que o eu não lutou
resignou-se à apatia que se abateu
algures entre a sombra e a escuridão.

Ligas a televisão.
Os sons eléctricos que emanam no ar.
O vento lento te acolhe.
Quem te manda dormires ao relento?
Re Lento.

Vento, ventinho, 
dá-me força para sair daqui de fininho, 
sem que ninguém perceba da minha imensa existência 
que teima em estar ausente
de presenças que nada pintam no fundo vazio
desse emaranhado de sentimentos difusos
a que alguns chamam de profundos.

Para mim são simplesmente parvos.
Como os poetas.
Mas não seu eu que mando aqui.
É o vento.
E ele para onde sopra, leva-me.
Ou então...

Ilusão?

Do vento surge o movimento
que se converge no sentimento.
Sentimos?
Juntinho os dois.
Que te parece?

Saturday, November 20, 2010

dizer sem noção



prurido
pústula
fissura
prostrado
perdoado
pensamento
positivo
analítico
absoluto
de veludo
novo
movo
oiço e questiono a ignorância do meu silêncio
que teima em tudo,
todos,
como que a modos,
inovadores
ilusórios
renovadores de ideias gastas
bastas a ti mesmo
e o passo continua por dar
A morte e a vivência de uma doce melancolia melosa.
Nada tem de nervosa.
Permite pelo menos respirar.
E calas, consentes...
Perdido
Remetido
Pedido.
Pérfido e sem sentido
que sente mas não mente,
em mente
vivamente
sem nada minimamente decente para dizer
lazer 
viver
comer 
morrer.
Pedra descalça,
vazia sem nunca o ter sido.
Parto para a terra do sonho.
Os vivos não me querem mais.
Afinal se aqui estivessem que me diriam?
É apenas mais uma chave perdida,
uma voz tremida,
um rumo incerto de uma incerta certeza.
Esperteza, saloia tem pouco.
Só mesmo o pão, 
porque o chouriço está a fazer.

Como é bom não ter a noção do que para aqui se está a dizer.

Wednesday, November 17, 2010

Não sou Poeta (inspirado ao som do Márcio André)



Tenho de escrever
dê por onde der.
Não tenho aspirações a ser poeta,
e ao contrário de muitos que se afirmam como tal,
onde de poetas apenas têm as letras,
sou mais um esbanjador de palavras que outro.
Nada me pedem,
mas mesmo assim dou,
contra a vontade mesmo de quem é o alvo a receber.

Não sou poeta,
nem gosto de tal título.
Usado e abusado para a fogueira de vaidades.
Descrevo simplesmente a forma como sinto as coisas.
O ver pouco importa.
Já não deixa de ter a sua importância
a leviandade dos actos cometidos,
semeados no horror aterrorizado.
Pouco de zen tem.

Esperar e voltar ao tema,
pintado de lema, leme, teme.
Vai passar.

O poeta perde-se na sua incerteza,
devidamente disfarçada de eruditismo.
Pega-se em referências fáceis e diz-se belas.
Amarelas da seiva que alimenta.
Podre.

Não se perde nada.
Nunca.
Por muito má qualidade tenha,
ruído que inunda,
dispersão pintada,
concretizada de ilusão.

E tu?
Permites-te chamar poeta?
Defines meta e deixas te levar no carnaval
que nem um carneirinho no rebanho.
Ranho teu que nem desdenho nem quero comprar.
Louvar.... Até talvez?
Vês?
Não digas sim só porque parece bem.
Diz que sim porque sentes.
Porque vives.
Porque és capaz de ser mais que os medíocres,
não são mais que os demais,
E eu quero mais,
mais,
e mais.

Não sou poeta.
Escrevo, mas não sou poeta.
Sou...
Sou...
Sou...
E tu também.
Somos, não somos?

Monday, November 15, 2010

A vida é feita de incertezas



Pensava que um dia poderia dizer ao mundo tudo o que sentia.

Pensava que um dia poderia partilhar com todos aquilo que vivia,
fazê-los tomar parte de algo que era tão especial para mim.
E ao fazer tal partilha que fosse também especial para eles.

Eles que estão em parte incerta
a fazer não se sabe bem o quê
muito menos com quem.
Porquê?

Porquê pensava eu que não poderia fazer a diferença, 
destacar-me dos demais,
ser igual a mim próprio,
guiar-me pelas minhas próprias ideias e ideais?

Olhas para mim, aqui.
Tu aí.

Não sei o que pensas,
tão pouco o que te vai na alma. 
Na minha vai um rodopio de sentimentos e emoções
que podem mudar o mundo,
sem que o mundo se aperceba.

Tu ai que olhas para mim aqui assim.
O que pensas?
Que falo não apenas com a voz, 
mas como um louco?
Ou será que o louco és tu
que te mantens sempre igual, 
com os mesmos preconceitos,
o mesmo autismo, 
a mesma mentalidade retrógrada e tacanha...

Vai velho do Restelo, 
vai tu para ali
e deixa-me a mim aqui.

Mais um  pouco e isto torna-se um texto reivindicativo...

E é...

De mim mesmo.
O resto.... que se foda.

Sunday, November 14, 2010

O palhaço...




Não existem palavras que possam expressar o que sinto.
Tudo o que vivo reduzido às cinzas dos dias,
passados de um momento para o outro,
onde tudo o que se reflecte é a ausência de uma presença,
outrora doce,
hoje pitada uma nova realidade,
que mói e corrói.
Pendente de uma ligação que se nega.
Não deixou de todo por isso de ser menos real.
É algo que nasce dos restos de um sonho desfeito.
Dizia perfeito.
Hoje em dia uma proeza que se diga... feito.

O Nick pergunta, eu respondo...
Não.
Efectivamente o tempo deu-te razão.

Tudo isso hoje nada importa.
Imagem de um passado.

Por outro lado, as hipocrisias repetem-se em catadupa.
Não por parte de quem a história rezou,
mas por certo de quem a rodeia.
O dizer mal... sempre.

Eu não faço melhor... mas bem tento... sem grande sucesso aparente.
Sucesso sem dúvida tenho eu no meu próximo passo.
Vou dormir, pois as pálpebras, já ninguém as segura.
Fecha a cortina, fecha o espectáculo.
O palhaço foi dormir... já não aguenta mais.
Foi bom enquanto durou...

Ou não...

Saturday, November 13, 2010

Estás entre os bons



Quem é o senhor que se apresenta?

Quem é que esconde a libido
exposta aos mal dispostos
que apostam na tusa passageira,
um pouco ligeira até.
Mas mete mete que arrefece.
Pára o coração,  
abrem-se os sentidos,
desperta a emoção
morta até então.

Então?
O que faz por aqui?
Perdido por estes lados
ou simplesmente procuras te encontrar.
Narrar do outro lado,
sem saber o que este sente 
ou tão pouco vive.

E os rapazinhos dos esgotos 
com quem tanta vez nos cruzamos, 
perdemos-nos.
Nem que seja por momento apenas.
A luta nunca é apenas mais uma.
Acompanha o sono que começa a imperar.
Dominar sem sequer pedir permissão.
Omissão.
Noção do que nunca fui mas que um dia serei.
Lutarei.

Mas neste momento rendo-me, 
pois os meus olhos não aguentam mais.

Foi bom... enquanto durou.

Thursday, November 11, 2010

Culto à morte



O escuro de um momento que me faz perdido,
revela-me o quanto do meu ser ficou lá para trás.

A luz que me trás o novo dia,
relembra-me ainda que a história ainda muito tem para dar.
Muitas voltas, tropeções e emoções estão à espera de serem descobertas.

Evade-se da razão e deixa-se o sentir nos guiar.
Navegar sem saber para onde.
O que perder?
Irrelevante.
O mesmo já não se pode dizer do viver.

Tanto para se viver,
e quanto culto é prestado ao morrer.
Todos os dias se repete o ritual.
Morrer mais um pouco.
É algo que já está de tal forma entranhado
que nem se questionam.
Mais um prego no caixão.
Mais uma pazada de terra 
para a sepultura ganhar forma.

Optam, indubitavelmente, pela morte lenta inconsciente.
Não se deixam morrer de uma vez só.
Pois não.
São cobardes...
Tal como eu o sou,
se bem que de outras formas, 
com outros modos, 
com outros feitios.
Mas não.
Morrer de uma vez seria fácil demais,
E não teria qualquer tipo de honra.
Honra essa que nunca é demais.
Tu, até a tens de menos.

Passo ante passo és a contradição em pessoa,
falta de coerência o teu dia.
Foges da morte com tudo aquilo que não tens.
Cultivas a mesma ao longo da tua vida.

Afinal, que queres tu?

Sinceramente, não percebo a cobardia.
A minha... ainda menos...

Tuesday, November 09, 2010

Ímpia sensação de vazio



Tip tip top 
and over the top.
Stop.

Replay.

Play.

Ouve.
Não vim aqui para te convencer,
mostrar a luz,
alguma coisa que te proteja de ti mesma...
Lesma.

Vento que não pára, 
vento que sopra, 
vento que leva
eleva até não poder mais,
mais de ti mesma,
menos de mim mesmo,
E foi...
não foi?

Tic, hip, zip, nip...
Esta última nem uma palavra é,
café,
pé, 
zé,
fé.

Começa o ritmo desenfreado,
que nada pára, 
de cá para lá,
vazio, 
como eu, 
ou não,
sobe e desce,
perde, 
inventa,
lamenta,
mas nunca fica pelo mesmo sítio.
Um pouco mais ao lado,
O toque, lock n' load.
Não fica.
Vai.

Como todos, 
porque começou sequer?
Eu até estava tão bem ali,
assim, 
que te vi,
lembrei-me,
do que não senti.
Parti, 
mas pelo menos... vivi.

Friday, November 05, 2010

Respeito



Suspeito 
de algo que levo ao peito
sem qualquer tipo de despeito
Respeito.

Respeito.

Cousa rara em mim,
que nem quando vim
à luz da inocência que vivi
me vi dotado de tal fim.

Respeito.

Respeito.

Tanta gente que passa por mim, 
nada me diz
nada me dizem 
em nada me tocam,
mas tocam-me sem tocar.

Respeito.

A batida do tambor 
define o ritmo a que a coisa de conduz.
Produz a contra-luz
ao som do obus
que aqui, 
neste mesmo lugar, canto, recanto... pus.

Respeito.

Peito.

Pinto.

Finto.

Respeito.

Respeito.

Desfeito fica o coração do pai, 
quando o filho não corresponde sequer com as expectativas não criadas.
Levadas numa incerteza daquilo que as acções determinam.

Terminam.

Respeito.

Feito de uma luz de luar
que pousa sobre as minhas mãos, 
encanta os teus olhos, 
faz brilhar os meus,
e numa ausência de ruídos nos....

nus.

Não quis, mas... fiz.

Diz?

Já disse.

Respeito. 

Não tenho, mas abro o meu peito. 
É só perfurar.
Já que não fazes com as mãos, 
bem sei que o fazes com os sons que saem da tua boca,
moca como a tua cabeça.
Não desvia um milímetro da tua ideia inicial, 
muito menos questiona o móbil.

Playmobile.

O cata-vento.

Relento.

Lento.

Lento.

O cão ladra...

Mas... Respeito.

Respeito... por muito que tu penses que não.

Wednesday, November 03, 2010

Muitas vezes não queremos as pessoas por aquilo que elas são
mas sim por aquilo que elas nos fazem sentir.

Desconexão fictícia...


Pede-se silêncio.
Silêncio.
Na portada jaz a imagem clara de uma passagem difusa.
É como se as palavras faltassem.
Ou então... até mesmo a vida.
Aqui no quarto escuro,
a música envolve-me nos seus braços.
Faz-me companhia.
Que seria da minha vida sem ela?
Serve o seu propósito, 
tal e qual como nós fazemos quando negamos o nosso destino.
Jamais traçado.
Vai sendo definido à medida que o tempo passa,
pelas acções feitas e as que ficam por fazer.
Sem nada temer, 
nem sequer o perder.

Existem por certo diversas vozes mudas
que jamais dirão o que sentem.
Repetem até à exaustão
"está tudo bem".
Quanta hipocrisia. 
Reagem com estranheza quando a resposta é "não".
Mas que importa isso?
Já dizem os espanhóis
"Es lo que hay".

Pertenço a um mundo que desconheço 
e questiono com toda a minha força
que tantas vezes de tão pouco me serve.
Abro a janela à procura de um pouco de ar...
Tudo por limpar...
Tudo por fazer...
Desde a cama à cozinha.
E a vida que não espera.
Desespera um pouco rapaz,
desperta.
Talvez isso te ajude um pouco.
E tu rapariga, 
para quê tanta questão
e duvidas da razão?
És bela e não acredites em quem diz o contrário.
Um autêntico pecado.

O tempo está a contar.
Não pára. 
Para muitos apenas ilusão.
E para ti?
O que é?

Monday, November 01, 2010

Viagem... Fazer...


Podes até nada mais fazer.
Bater com a porta e não mais olhar para trás.
Seguir em frente, em frente,
até que o fim do mundo chegue.
Viajar a toda a velocidade,
como se tudo em redor fosse apenas um filme,
daqueles que olhamos e nos encanta
de uma forma doce e plácida.

Segue, segue e segue
e que nada te pare,
que nada te detenha do teu rumo incerto e desconhecido.
Abraça, não porque o deves fazer,
mas... porque sim...
porque simplesmente te apetece.


Pensar faz mal, alguns dizem.
Efectivamente até muitos dessa forma vivem.
O sentir, essa praga que por vezes nos assola,
não há meio de o desligar quando mais interessa.
Curiosa ainda mais é a forma como muitos o têm de o fazer.

Mais uma pedra na calçada,
a palavra que foi dita a mais,
a palavra que ficou por dizer,
o beijo que ficou por dar,
o sorriso que se esqueceu de esboçar
e bocejo sem cativa intenção para o que me aborrece.
Dizer tu, seria tão fácil.

Viajo perdido dentro de mim mesmo,
como um naufrago à procura da corrente que o leve a porto seguro,
embebido em fait-divers,
luxurias e vanidades que nos desviam do essencial.

Sou sem dúvida o capitão da minha navegação,
mas rica barcaça esta em que me encontro,
descoordenada e sem encosto,
o ritmo, o som, a imensidão aqui presente
que os menos cegos dos viventes sequer tem a habilidade de vislumbrar
sem querer perturbar de tão perturbados que estão...
Perdidos, como eu, sem o quererem demonstrar.
Orar.
Perdoar.
Uma cara,
única,
perdida por entre a multidão,
apenas mais uma...
apenas mais uma...

Como será a minha Eulogia?
Haverá música?
Que palavras dirão?
Haverá alguém?
Apenas peço para deixarem a hipocrisia toda lá fora...
Mesmo que para tal não haja ninguém.
Sempre será melhor.

O retrato de uma vida.
Uma viagem...
Apenas mais uma...
mais uma..