Sinto-me perdido no sono
do qual não desperto.
Espero por um momento
de céu aberto,
ao relento
e ao encanto
que me leva a partir
sem dividir
o que me liga a mim.
Desespero perante o pranto
da alma que se encolhe
jazida no recanto.
Espera por mim,
no Rossio
onde deixei o sentimento de vazio
preso por um fio.
Nada disto importa,
pois no momento em que se caminha pela porta
o que está à volta
imerso no indiferente
não dá espaço à revolta.
Perdido na resignação
da emoção
que não perde perdão
mas retira a vida em cada golfada que dá,
promete mas não cumpre,
tal como tu
quando cruzas os braços
e não te importas mais.
Ages como sendo mais do que os demais
mas não mais fazes do que pisares os passos
por eles anteriormente dados.
Ouves com desprimor
o que não te interessa,
a conversa que alerta
para a meta
eleita pelo penetra.
E penetra.
E penetra.
E penetra sem que importe ao penetrado
o quanto da sua vida foi roubado.
Louvado seja aquele que dorme com o olho aberto.