Pérfido o momento
que jaz atento
à sequência de eventos incontroláveis
e tão pouco louváveis.
É mais um tic-tac do tempo
feito remendo
que não pára
e raramente algo faz.
Esse sentimento que me apraz,
origem num rapaz despido do seu próprio preconceito
ruma a eito
sem rumor
nem despeito.
Acha-se no direito de ser mais do que alguém
que nunca foi.
Apenas o tentou ser
sem ceder
à tentação de morrer no ritmo louvável
da existência mais além,
porque o aqui nunca foi bom para mim.
E ouvir para além do som que sai da própria voz
que tanto fala e fala
sem nunca dizer o que realmente quer e o é por direito.
Ausente de uma sintonia que ruma
ao som da melancolia que acolhe no seu regaço.
Tão abrangente e ao mesmo tempo presente
nas palavras que ecoam sala abaixo
sala acima
diz a rapariga,
que ali bem naquele canto sorri para mim.
Não tenho palavras.
Pois todas eles foram usadas ao desbarato
deixando-me preso num acto
que nunca vi chegar.
Vem do mar a canção que me embala
e me traz numa bala
a sensação
coberta de emoção
vazia de razão.
A razia de uma vaga
tornada tormenta
já não revela a alma despida
unida com o seu próprio som inóspito.
Grita do pulpito
o rugido que te fez emergia
dessa tua própria inércia
remanescente de uma existência ausente.
Pensar em não dizer
por receio do acontecer
temer e viver
de mãos dadas rua abaixo
sem o sabor especial do gesto
que se queda no espaço
porque o tempo não pára.
Apenas eu finjo que sim...
Não há limites para a ilusão.
Fonte que não se esgota.
Devolve o novo traço.
Por meio de remendos
segue-se o passo que passou
e nada deixou.
Saberia sem nada dizer.
Assaz... pouco.
Simplesmente fugaz.