Friday, November 30, 2018

Sorriso

O que está errado com o mundo
não me atrevo a dizer.
É o medo que marca o passo
e ao lado passo daquilo que seria o destino traçado. 

Ignorando o fim
sem que se tenha entendido o inicio
parto rumo ao precipício
de tombo em tombo
caminho de suplício
suplicando pelo descanso.

A fartura da miséria auto-imposta
fractura que não para de ser alimentada. 
Por certo inventada
não mesmo real no sentir
sem que uma pessoa se veja afogada
no etéreo vazio nada sofrido
sem que alguma dor seja visível
mas o peso sem dúvida sufoca.

Vira a página
e mais do mesmo. 
Vira a página 
e a história repete-se.
Muda de livro
e a história é igual.
Troca de vida 
e ainda assim o resultado não se altera.
Esta puta de vida viciada
mesmo que seja pelos nossos próprios vícios
não são mais do que grilhões que não vemos
e no entanto não conseguimos avançar.

Menos mal que há um sorriso
por aqui, 
por acolá
e com quem nos deixa feliz
não está. 

Ridícula essa vontade de felicidade
procurada em outrem 
pois em nós somos incapazes. 

Por vezes até sorrimos. 

Mas quantas vezes é verdadeiro?

picture by: solagratia


Monday, November 26, 2018

Peças partidas

Somos todos peças partidas de um imaginário tornado real
O reflexo de algo que viveu entre muros invisíveis preso pela imaginação
Do que seria ou será o próximo passo
Sem que todas as variáveis se conheçam. 
Procura-se controlar o incontrolável 
para se ter algum sentido de... controle.
E quanto mais controlamos
mais nos perdemos
perdendo a noção da origem 
ignorando qual será o nosso fim
sem que o fim tenha que se encerrar em si mesmo.
Não outra coisa mais que um novo... principio.
É isto mesmo a vida,
princípios, 
fins, 
meios sem se saber bem o que se anda a fazer. 
Como se algo importasse com algo mais do que a sua vazia inexistência,
Relação superlativa da ausência de ser. 
É preciso morrer...
As mil mortes que se seguem sem um verdadeiro renascer.
 
Somos peças partidas
que rumamos por destinos incertos 
e ruminamos no mal atirado para cima de nós...
Umas vezes indiferente, 
outras mortal, 
outras simplesmente ausente. 
 
Somos peças partidas, 
constantemente à procura de remendo
sentido
anuído de um rumo
em direcção ao desconhecido 
sem que a puta do manual de instrucções desta vida se faça presente. 
 
Já googlei, 
e juro que não o encontrei.  
 
Somos peças partidas
e repito-me pois a minha voz não é ouvida
e se assim for não será por certo por falta de insistência da minha parte.
Parte essa que se mantém em parte incerteza
na incerteza de que algum dia se vá encontrar.
 
Viste-me por aí?

A identificação é fácil. 
Dizem que sou humano
embora muitas vezes não ajam como tal.
Tenho 1.71 segundo diz no BI
e o meu formato mental é tipo uma bola de pinball
que no fundo não é mais do que
uma peça partida.

Sou uma peça partida, 
perdida em si 
num remoinho que não sou capaz de dar vazão 
e a voz que tanto me falta
dado o vazio de ideias.... pelo menos as de jeito...
teimam em não fruir. 
 
Somos peças partidas
E eu sou só um a gritar para o mundo a dizer:
"ACORDEM! ESTÃO TODOS A DORMIR! ACORDEM CARALHO"
...e eu sonho...
 
Mas não são sonhos, 
são pesadelos que teimam em não partir
com receio do que está aí para vir.
 
Somos todos peças partidas
onde a esperança é vã
lamenta-se o sucedido 
e toca a foder o próximo
sem dar oportunidade do anterior se levantar. 
E não... não é das fodas boas, 
mas daquelas que se passa uma vida a lamentar. 
Afinal quanto tiveste que pagar?
Será que algum dia vai parar?
Valeu a pena?
Eu parei,
pois algum dia terei de continuar. 

Parar é morrer 
e eu não te vou dar espaço para me matares.
Sê feliz, 
longe de mim, 
perto de ti.
Fechei os olhos e sorri.

Somos todos peças partidas.

Broken Glass by HelsinkiVampire
Photo by: helsinkivampire