Friday, November 18, 2011

Divisão



O que achas de irmos até à outra divisão
despir as nossas roupas
e jogá-las para o chão?

Saturday, November 12, 2011

Sombra de um ser


Sou a sombra 
daquilo que eu sou 
porque deixei de ser 
o que nunca fui.

E se me perguntassem
porque nunca foste
o ser que já não és
não serias tão ou mais 
completo do que aquilo que nunca tiveste?

Seria por certo algo mais
daquilo que não creio
sem saber o que sabia
sabendo que sei
um dia morrerei
mas de voz plena
e peito aberto cantei.

Jamais me perguntes
qual a questão
para a qual não queres ouvir a resposta
sob pena de penares
sem saber o que eu sei
sendo que o que eu sei
é tudo mais ou menos que nada
que em nada se esvai.

Num momento tudo é,
num momento tudo foi
num momento tudo será
aquilo que nunca foi
para ser tornar naquilo que continua a não ser.

A sombra de um ser.

Wednesday, September 07, 2011

Boa Noite



Um resto de boa noite aos presentes
ausentes
transeuntes
Pessoas que fizeram parte da minha vida e se foram
Estranhos que nunca o fizeram e agora estão
A ti que me deste a mão
A ti que me a negaste
A ti que eras fostes e és quem és apenas porque sim
Tu que lutas de uma forma surda
Tu que ouves e não lês
Tu que lês e não dizes
Tu que és mas fazes crer que não
Tu que simplesmente existes
Tu que pintas os meus dias
porque sem ti não sei viver
e ao mesmo tempo sei mas não o digo
finjo que não apenas para te ter aí
Tu que ainda ai estás e lês,
porque tu sim o mereces...
Apenas tenho mais uma coisa para te dizer:
O resto de uma boa noite.

"Like two strangers turning into dust
Til my hand shook with the weight of fear"



Monday, August 22, 2011

Invasão Sonora



Spanish Sahara bombard my heart
left me out
without a sound.

Mas o som continua,
incessante, 
irregular,
inconstante, 
inaudível aos ouvidos dos mais distraídos
traídos pelos seus próprios ideais,
desprovidos de razão
mas cobertos de emoção
ausentes na sua auto-de-pre-ssão.

Toca-se a próxima nota,
a sequência seguinte, 
fecha-se os olhos e deixa-se ir
permitindo que a música invada todos os poros
sem nunca porém deixar-se abandonar à lassidão,
essa entorpecedora de movimentos erráticos.
Tal como se pede,
tal como se exige.

Dá-se o passo seguinte
ao ritmo desconexo do ouvinte.
Ignora-se o ritmo
e deixa-se ir
onde a lógica não tem lugar.
Apenas a evasão.

É tão doce o ausentar momentâneo do próprio ser,
ser-se livre por momentos
sem se pensar no seguinte que se segue,
sem deixar que tal nos cegue.

Pelo menos
por momentos
vivo disto.
A dança doce do luar
permitiu um pequeno pedaço de paraíso
à luz do teu sorriso.

Friday, August 12, 2011

(des)espera



Poderia até ser apenas mais um dia
Onde tudo se fazia,
tudo se dizia,
tudo acontecia...

Na realização da mais pura comunhão
com o mais profundo estado de auto-comiseração
coloca-se a questão
do próximo passo a dar,
evitar o que fere
em conjunção com a procura incessante
do seio reconfortante.

Pousa a mão levemente no chão
como quem procura forças para se erguer 
contra tudo o que lhe oprime,
esmaga e condiciona. 

Tudo pode acontecer
e o estar parado não é opção.
Que o diga quem da sua prisão nunca se libertou.

Verdade que o ar é de todos.
Mas parece que às vezes é só mesmo de alguns. 

Quis respirar, 
mas por momentos
simplesmente tive que parar.

Espera... é só mesmo mais um momento.

Sunday, July 31, 2011

Turb-i-lhão... desconexo e sem sentido



Por entre a ilusão
coberta de fantasia
jaz a demagogia
de quem ora 
anunciando o novo dia.

Ilusão que não foi mais do que uma miragem,
visão entorpecida pelo bonito floreado
corrido, alastrado e não vivido.

Ouve-se ao fundo do túnel
onde a luz brilha em contraste com a presente localização,
imagem fragmentada marcada por tamanha confusão. 

Procura-se a saída
sem que vez alguma se tenha encontrado a entrada.

É o remoinho,
o turbilhão,
evasão do ser 
que recusa viver dos dias pintados de breu.

É o teu, 
é o meu,
quando o nosso raramente se toca.

Isola-se...

Num vão de escada,
perdido na memória de quem já não vive, 
cópias das pessoas seguintes,
que olham, 
ouvem 
e escutam.

Foi mais um dia perdido
que jamais volta a ser recuperado.

Sem que se questione, 
ou se volte atrás, 
o mais importante é que foi divertido.
Não foi rapaz?

Ai, se ao menos a estupidez matasse...

Tuesday, July 19, 2011

E se eu me importasse???



Não me importa o que digam
pensam 
ou ouvem
desde que estejam no vosso canto
recanto 
de encanto
embebido num pranto.
Nunca chorando
apenas crendo 
na ideia de ser
díspar do acontecer.

Poderia até entender
o que estavas a dizer,
mas quanto mais falavas
menos te ouvias
e fingias
acreditar
nas palavras que gritavas
sem que te questionasses
a razão.

Fixas-te no não
e daí não sais desde então.

Enterraste na tua própria crença
ausente
de um valor presente.
Nem precisam ser muitos.
Um é mais que suficiente.

Não apenas abanar a cabeça,
a dizer sim 
apenas porque sim, 
ou alguém que te o diz.

Acreditar
e quando questionado
ou questionada
responder
sem ser de forma cega,
sem abanar, 
sem desrespeitar.
Compreender o que está em redor
e porque falam assim contigo.

Comigo
já foi feito um trabalho
de pessoa ausente
no meu presente
outrora dormente
agora vivente
e ansioso do segundo premente.

Não fujo.
Prossigo aqui.
Ao pé de ti.
De braços ao alto, 
boca desgarrada,
e coração aberto.
A solidão
não é mais do que um momento.
E eu,
estou,
aqui...
...em ti.

Afinal,
não sentes?

Saturday, June 04, 2011

Olho aberto



Sinto-me perdido no sono 
do qual não desperto.

Espero por um momento 
de céu aberto,
ao relento 
e ao encanto
que me leva a partir
sem dividir 
o que me liga a mim.

Desespero perante o pranto
da alma que se encolhe
jazida no recanto.

Espera por mim, 
no Rossio 
onde deixei o sentimento de vazio
preso por um fio.

Nada disto importa,
pois no momento em que se caminha pela porta
o que está à volta
imerso no indiferente 
não dá espaço à revolta.

Perdido na resignação
da emoção 
que não perde perdão
mas retira a vida em cada golfada que dá,
promete mas não cumpre, 
tal como tu
quando cruzas os braços 
e não te importas mais.

Ages como sendo mais do que os demais
mas não mais fazes do que pisares os passos
por eles anteriormente dados.

Ouves com desprimor 
o que não te interessa, 
a conversa que alerta
para a meta
eleita pelo penetra.
E penetra.
E penetra.
E penetra sem que importe ao penetrado
o quanto da sua vida foi roubado.

Louvado seja aquele que dorme com o olho aberto.

Sunday, May 29, 2011

O que és, está no final




Quero me perder por entre esses vultos
que se deixam levar
por entre estrelas azuis
nubladas de verde escuro
de uma pálida recordação
imersa num vazio 
de uma infinita sensação
reluzente 
no som poente.

Entre a ilusão do ser
ver
ter
remoer
sorver
perder
retroceder
mover
do meter
lamber
temer
fazer
chover
acorrer.

Porquê?
Porque é bonito,
por muito que se pinte
uma nova camada de puro gracejo,
Despejo o que sinto
e nada digo.

Bend over a nonexistent memory,
just because they simply push over and over.
Can't have more of this.
A reputation to protect...
as if I care with the existence of one.

Moreover the latest stats
proved that  alienation has come to stay,
in the midst of a veil from our failed identity.

They say
pray
and decay.

Eu digo qualquer coisa
apenas para não parecer mal visto.
Mas visto o orgulho que me cobre
e invisto em renovar 
aquilo que não sei do que estou a falar.
É apenas mais um palrar 
no meio de tão pouco ou nenhum escutar.

O quê?
Ainda ai estás!?
Idiota.

Friday, April 29, 2011

Aqui e Agora



Aqui podes fazer a diferença.
Aqui podes ser único ou única.
Aqui e agora.

Não existe o ontem.
Não existe o amanhã.
Apenas o Aqui e o Agora.

O presente é aqui e agora, 
sendo que o momento que se segue já foi.

Podes estar aí sentado,
nessas tuas nalgas largas 
ou com falta de carne, 
a olhar para Aqui,
e eu para aí.
Mas só o Aqui e o Agora é que contam.
O que se diz,
faz,
cala,
desfaz,
Aqui e agora é tudo o que conta.

Porque aqui e agora,
todos vocês olham para mim,
eu para vocês.
Sou apenas eu que falo, 
vocês só ouvem 
e não dizem nada.
Nunca dizem.
Apenas escutam
ou fingem que o fazem.

Não importa...
As acções ficam para quem as praticam
E... para quem as sofre.

Aqui e Agora.
É teu o poder de mudar,
dizer,
"cala-te, só dizes merda",
só tens que o dizer...
Aqui e Agora.

Pois eu estou aqui e agora.
As minhas palavras podem ser balas,
mas sou eu que estou aqui de peito aberto 
à vossa crítica silenciosa.

Aqui e Agora,
troco os aplausos por uma palavra,
troca a minha coragem pela tua cobardia,
troco a minha abundante verborreia pela tua falta de ar.
O tempo é de acção.
Aqui e Agora.

Não existe ontem.
Não existe amanhã.
Apenas o Aqui e o Agora.

E tu?
Vais deixar escapar esta oportunidade?

Aqui e Agora.
Só mais uma vez.

Aqui e Agora.

Friday, April 22, 2011

Efémero eterno



Faz algum tempo que não me sento a escrever seja o que for
como alguém que almeja por algum tempo para si.

Faz mil anos que eu não paro e aproveito, 
me deleito com a sombra dos mil prazeres
que a vida tem para nos dar.

Desperdiçar o tempo com meras futilidades
que nada de novo têm para dar, 
o eterno repetir dos movimentos dados
por todas as gerações passadas
onde em pouco ou em nada se encontra o renovar.

Não é tanto o aborrecimento
como que o alento de uma possibilidade de futuro brilhante
em contraste com o negro presente
que assola o vivente
permanentemente num estado temente.

Por vezes numa tentativa vã de avançar,
nada mais se consegue do que não sair do mesmo lugar
e o melhor mesmo a fazer é parar
sendo que o parado já era o estado anterior
algo que gera ânsia, confusão
um remoinho de emoção que aperta e bloqueia...
AI, a dor.....

Pára.

Respira.

Relaxa.

Nada é eterno
e mesmo essa dor irá passar.

Friday, April 15, 2011

Sorriso



Pilhagens realizadas à revelia da capitania
polulam de mão em mão
ignorando a canção 
vibram no coração
que se enche de emoção.
Ditam o ritmo em tom de balada
da vida entrelaçada
umas vezes irada,
outras simplesmente desembaraçada. 

Pensa-se na próxima palavra
letra ou mesmo do porquê
que fica por escrever
sendo que jamais fica por dizer
entre o espaço do ser 
e o acontecer.

O iô-iô
a ida e volta 
o vai e vem,
mas vem e fica de vez
aqui, 
ao pé de mim
até ao fim 
de mim em ti.

Sorri,
porque eu também.

Finalmente a vida faz sentido.

:)

Friday, April 01, 2011

Pivo



Ajde jano
ajde duso
porque não?
A noite ainda é uma criança
e não há nada que nos detenha.

Ajde jano
ajde duso,
apenas sabemos o dia de hoje
e amanhã a incógnita é presente
num cenário idílico.

A música meio intragável
num som digno de rebentar o mais sensível tímpano.
E as gajas não se querem sentar.
Luís Figo é rei
eu, português desconhecido
em terras do além,
algures no meio do ocidente e oriente.

E só me apetece
ajde ajde jano...
Ai, ai, vida...
Que destino me reservas?
Com que aguarelas pintas a minha vida?
E eu que sigo sem perceber um boi do que para aqui é dito.
Dobro, dobro, mas não dobro
nem vergo pelo que é o essencial das crenças minhas.
E nem mesmo o alcool faz duvidar.

Terra de contrastes estas,
onde os meus olhos se põem
tudo acaba por ser normal.
Tudo é maior do que a dor
que se sente e se esconde
do sentimento escondido
entre o sentimento de ódio ou indiferença pelo vizinho.

Que dizer?
Que fazer?
Sai um outro pivo que amanhã é um novo dia.
Mas pelo menos hoje,
ajde, ajde jano.

O calar dos deuses



Por certo
o eterno movimento incerto
perpetua-se numa ilusão 
devidamente pintada em tons de real. 

Nada jamais fica por questionar,
muito menos por responder.
Sentir no partir
ainda a ausência que está para vir.

Pelo menos os ventos
que se perdem nos tempos,
julga-se ver algo de novo
mas não mais do que o mesmo
que outrora aqui esteve
que agora ainda aqui está.

Ouviu-se por momentos 
vozes de discórdia
autêntica paródia o que se gerou por aqueles corredores,
despidos de sentimentos,
vazios de emoção.

Não aceitas um não
mas é pelo não que te ficas
e é o não que te molda,
tolda e bloqueia a plena verborreia. 

Ausência do sentir 
que estava para vir
mas que deveria residir
no estar
aqui a engonhar
sem saber como abraçar 
o espaço que nos separa
nos trouxe até aqui
e ainda não no une.

São as palavras que nos distanciam. 
Não tanto as que são ditas, 
bem pelo contrário.
As caladas não nos aproximam para um mesmo espaço
ausente da tua presença. 

As cadelas
que se querem belas
 esquecem-se que o néctar da sua beleza
jaz no sumo daquilo 
a que os mais comuns e vulgares dos mortais 
dão o nome de...
alma.

Ai quanto te anseio...
Ai quanto te espero...
Mas não desespero, 
pois o que é meu,
por certo, 
a minha mão irá vir
e o há-de cá não tem lugar...
pelo menos aqui e agora.

Assim me despeço,
assim me calo.

Tuesday, March 29, 2011

uma mente desmente



Sente
o presente
que me vai na mente
permanentemente
ausente
da gente
emergida na sua própria indiferença prepotente
ao mesmo tempo que se questiona
"porquê é que  segue tudo igual e não nos aguarda um destino diferente?
porquê?"

Ao observar pela lente
que tudo vê
mas nunca apresenta uma realidade divergente,
o mundo caminha em direcção ao precipício que se apresenta contundente
infelizmente
desta vez não ausente
bem presente.

Efectivamente
ao constatar constantemente
aquela ausência de delicadeza rente
pegou num pente
e rumou como um deficiente
demente
que confundiu o ocidente
com o oriente.

Apesar deste mundo ser o reino da serpente
a ideia que lhe ocorreu levemente
nada tem de servente
mesmo que se vaguei aleatoriamente
nesse mar vago e vazio de gente
permanente
indiferente
tudo acaba num... finalmente.

Tangente
que emerge com o sol nascente
não é fruto da semente
dessa ilusão de pessoa dormente
que se encolhe na corrente
que despende
a vivência de ser doente
absolutamente
demente.

Não há espírito que aguente
quem tanto invente
sem que isso não nos atormente.
Subitamente
tudo se torna disperso num horizonte
outrora díspar verticalmente 
transformando o dois em um assente
num plano horizontalmente
disposto ao prazer vigente.
Sente o presente
que me vai na mente
demente ou ausente
tudo acaba num finalmente.

Saturday, March 19, 2011

Ex



Ex

Em algum lado li Ex
como Exemplo dos erros que não queremos voltar a cometer.

Expressão do que somos,
vivemos,
mesmo quando a tal nos recusamos.

Extrapolar o que é simples
e se complica sem necessidade.

Existir sem razão, 
apenas porque é um prazer real 
uma vida que tem tanto de dor
alegria
ou mesmo um toque surreal.

Espiar o que nos vai na alma
ou como os demais a demonstram
sem medo do que amanhã possa acontecer
nunca parando para nos surpreender
o vazio de uma luta inglória
dos fantasmas que nos perseguem.
Seria tão fácil desistir. 

E que tal mudaria?
Já o fazemos todos os dias.

Expoente máximo da suposição 
crer num presente ausente de acção
deixar as peças ocuparem a sua natural posição
desespero sob o nome de causa.
Êxtase por desconhecer o amanhã
ou talvez apenas ânsia disfarçada.
Por vezes as palavras apenas ocupam lugar
onde o silêncio é devido.

Exit na próxima estação
polvilhada do próximo escape, 
a próxima emoção,
a próxima ilusão do "tudo está bem..."
a próxima tesão, 
o próximo beijo,
o próximo ataque da mão invisível 
que esmaga tudo o que toca,
a próxima paixão,
pois a presente 
não mais é suficiente.
Foge...
Foge...

Explicação é dispensável,
pois mais um tiro no pé
dispensa apresentação
de razão
por muita lógica que tenha.
Afinal a vida não é pintada de lógica
É demagógica
tal como a vida fugida.

Extrema a posição
força a corda partir
sem medo do que possa advir.

Explora a tua posição, 
respeita ou não quem te rodeia, 
por certo não é essa a tua visão, 
no entanto é o que fazes.

Expira,
pois é no respirar
onde reside a vida.

Explode.
Talvez aí a tua voz se faça ouvir.

Tuesday, March 15, 2011

Norte



Em cima do programa
que me desmonta
e me faz a cama
aguarda-me o silêncio 
da frágil noite
que jaz silenciosa lá fora
ignorando o turbilhão que aqui vai dentro.

O relento
não se capta no momento 
em que se abre o olho 
que tudo vê mas em nada toca.

Ignora
o rumo que segue sem direcção alguma
coberto de ilusão 
do abraço invisível 
que nos envolve 
enquanto a lágrima cai.

Jamais
imaginei cair sem me levantar
procurar a luz no escuro 
espírito que guia sem se encontrar.

Outrora
foi uma imagem
embebida de uma vaga dispersa
com sabor a maresia.
E a ira 
da ida 
perdida
na vida
sentiu-se tocada por um som.

Nada mais resta dizer 
sem que haja um sabor
de missão cumprida
mesmo que isso seja apenas ilusão.

Afinal,
sempre se perdeu  o norte.
E tu não estás aqui.

Queres um abraço?

Saturday, February 19, 2011

o beijo do sol



Puro de emoção 
detenho-me pala razão
ausência de pensamento,
movido pelo vento 
que me arrasta
de uma divisão para a outra,
marota a mão 
que distrai o rapaz
capaz
sagaz
mas não faz.

Tanta coisa por fazer 
e o tempo que não pára,
não abranda,
segue sem parar. 

Mas paro eu, 
inerte no meu recanto
que canto
debaixo do meu manto
onde tu não estás
e eu te procuro. 

Mais um pouco o tempo passa.
E da mesma forma que falta, 
o mesmo nos aproxima.

Oiço os segundo a bater,
do modo que o meu coração bate,
a hora aproxima-se 
e ele bate mais ainda, 
sem parar
de lutar
para estar
no teu mar.

Não pares, grito eu.
Segue porque ela te espera.
Esmera,
mas fiel a ti mesmo.
No momento que é agora, 
no rebento
que surge do encontro 
da lua com o sol
da lua com o sol
a lua no sol
e não vou por isto a rimar com mole...

Pus.
E agora?
Sim, e agora?

Espero o teu beijo. 
Dás?

Friday, January 21, 2011

Operação Natal



Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Será que eles têm uma ardósia e giz,
onde fazem tal contagem com tracinhos brancos irregulares na vertical?
Desenharam esqueletozinhos?
Que comentários será que fazem?

Será mesmo apenas um número,
que se segue ao rótulo pomposo que arranjaram?
Operação Natal!
Operação Natal ...

Faz lembrar bacalhau,
filhoses,
borrego,
uma mesa cheia de iguarias e doces,
ofertas,
reunião,
família
e aquela prenda que se quis comprar,
apenas para se dizer... lembramo-nos...

A parte da hipocrisia já passou.
Quem se lembra de comprar sentimentos?
Perdão...
Queria dizer efectivamente prendas.
O dinheiro que se gasta...
Não só nos presentes mas também nas mensagem....

Todos querem dizer alguma coisa...

Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Será que agora já estão vivos?
Ou farão mesmo alguma diferença?
Alguém se irá lembrar deles?
O que será o Natal para eles?
E o que será para todos aqueles que não têm ninguém?
Que apenas se lembram deles neste dia?
Quem se lembra deles noutro dia?
Quem se lembra deles?
Respondam-me....
Quem se lembra deles?

É apenas um dia,
O Natal... que passou.
Os vivos por aqui ficam,
mas os mortos não.

Para o ano haverá mais Natal...
E da Operação também.

Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Thursday, January 20, 2011

Estranho



Estranho

Tudo é tão estranho.

Estranho 
Imaginado 
sonhado.

Soalho.
Só alho.

Palavras, palavrinhas
soltadas ao desbarato.
Desbravadas
no mato que te envolve e rodeia.

Colmeia.

Com a meia.

Surreal.
Coloquial.
Temperamental.
Um mal 
sem aval
paras tudo
dizes que é a tal.

Ausente no presente,
perguntando o que foi o ontem 
sem saber o que será amanhã. 

Para a frente
para trás,
ninguém sabe, 
ninguém pára,
ninguém pergunta, 
ninguém sente.

Ausente.

No presente.

Porque é estranho.
Tão estranho.
Não tem forma, 
no entanto toca
sem ser capaz de determinar a sua origem. 

Loucura talvez.
Não vês?

O que dizes?
Éramos três, não éramos?
E felizes também?
E agora o que somos?
Abre-se uma laranja
e os gomos docinhos,
ali como nós, 
que nos perdemos na voz,
de mim em ti,
ti em mim,
em nós,
na voz.

É estranho,
tão estranho.

Não é perturbador, 
Apenas estranho. 

Não é vazio
tão pouco um rio
mas eu riu-me porque gosto
ou simplesmente não sou capaz de calar a ironia em mim.
Aquilo que vi
e aquilo que ainda quero ver.
Nem vou dizer.

É fértil o mundo, 
bem como a mente
e a estupidez humana também.
Tudo coisas ricas em alimentar aquilo que é estranho.
Tão estranho.

Entranho no medo que em mim não reside,
alimento a personalidade borderline, 
o sono que teima em não chegar, 
onde o cansaço transforma imagens claras
em borrões desfocados
de tão estranhos que são
ao saudar a nação.

Também eu saúdo, 
pois sou um estranho 
no meio de tamanha multidão.