Wednesday, November 14, 2012

Bi(li)s

photo by:

~kekokunkun

Perceber o que espera ao virar da esquina
sem olhar ao que se vem.
Revê na ausência do ser
que teme sem saber
se há-se temer 
o viver
sem tom de morrer.

Pedir sem o dizer
acontecendo sem o antecipar.
Orar outra vez
imerso no ruído lunar.

Sem soluções milagrosas
espera-se o que desdém.
Ao haver um caber
jamais se coloca a questão.

Outro dia que passa,
outro risco desenhado na parede branca
ilustrada em forma de flor,
deforma a visão
que um dia ocupou
o som do tambor
que bate bate sem parar de rufar.

Sem saber o que dizer
continuo a escrever
sem poder delinear as palavras calcadas no meu cérebro
marcado pelo tempo que não passa.

Basta saber que um dia tudo se passou
sem se dar por isso.
Basta saber que no limite da ilusão 
jaz o segredo de uma sombra que cheira a incógnita 
de uma insensatez melacólica, 
bucólica até.

Foi assim que descrevi 
o que senti
sem saber que menti.

Pelo menos aqui, 
sou mais que a miragem 
que um dia projectei 
no esplendor de ver nascer a certeza no ventre 
da mentira que outrora foi ímpia.

Hoje nada mais diz.
Simplesmente assim o quis.

Diz bis.

Monday, September 03, 2012

Fim

photo by: animal-e
 
 
Por muito que escrevesse
aquilo que realmente queria dizer
iria sempre ficar em falta para com o que sinto.

Alimento essa ideia de que há um sentido
para tudo o que existe
é feito
dito e pensado
levado ao extremo
onde a lógica,
por vezes desconhecida,
pouco ou nada impera.

Reina a incerteza do momento seguinte,
diz o bom ouvinte 
que tapa os ouvidos 
enquanto grita
aquilo que a alma chora, 
abafando a alegria vivida
assim como eu ignoro as letras que aqui debito
sem uma razão de ser
uma razão de crer
prover sem nunca o dizer.

Deriva de uma onda magnânima
que me inspira a remoer
as cinzas que ainda não se apagaram.
 
Corta como faca
afiada que está 
em vez de um vazio que teima em não encher.

Tinha de haver uma razão para tudo isto...
aqui!
Aqui, 
porque o momento é aqui, 
aqui onde a diferença pode ser feita. 
Do quê para o quê é irrelevante. 
Completamente irrelevante.
O importante é mesmo que se faça algo.
Algo.
 
Algo.
 
Por momentos temi por ti.
Por me veres assim.
 
Nem sempre controlo.
 
Em outros momentos que aqui vivi
dei um nó
e só mesmo o desatei com um fim.
 
Fim.

Thursday, July 12, 2012

Um conjunto de nadas!


Pérfido o momento
que jaz atento
à sequência de eventos incontroláveis
e tão pouco louváveis.

É mais um tic-tac do tempo
feito remendo
que não pára
e raramente algo faz.

Esse sentimento que me apraz,
origem num rapaz despido do seu próprio preconceito
ruma a eito
sem rumor
nem despeito.

Acha-se no direito de ser mais do que alguém
que nunca foi.
Apenas o tentou ser
sem ceder
à tentação de morrer no ritmo louvável
da existência mais além,
porque o aqui nunca foi bom para mim.

E ouvir para além do som que sai da própria voz
que tanto fala e fala
sem nunca dizer o que realmente quer e o é por direito.

Ausente de uma sintonia que ruma
ao som da melancolia que acolhe no seu regaço.

Tão abrangente e ao mesmo tempo presente
nas palavras que ecoam sala abaixo
sala acima
diz a rapariga,
que ali bem naquele canto sorri para mim.

Não tenho palavras.
Pois todas eles foram usadas ao desbarato
deixando-me preso num acto
que nunca vi chegar. 

Vem do mar a canção que me embala
e me traz numa bala
a sensação 
coberta de emoção
vazia de razão. 

A razia de uma vaga
tornada tormenta
já não revela a alma despida
unida com o seu próprio som inóspito.

Grita do pulpito
o rugido que te fez emergia 
dessa tua própria inércia
remanescente de uma existência ausente.

Pensar em não dizer
por receio do acontecer
temer e viver
de mãos dadas rua abaixo 
sem o sabor especial do gesto 
que se queda no espaço 
porque o tempo não pára.

Apenas eu finjo que sim...

Não há limites para a ilusão.

Fonte que não se esgota.
Devolve o novo traço.

Por meio de remendos
segue-se o passo que passou
e nada deixou.

Saberia sem nada dizer.
Assaz... pouco.
Simplesmente fugaz.

Tuesday, May 01, 2012

Semente



Por entre os canais de comunicação
onde a fala se perde
a palavra se eleva
a frase destrói
a rima confunde
o sentimento se funde 
na imensidão que é o vazio
preenchido por todo aquele espaço
ocupado pelo nada dentro de todos nós.

Ouve a nossa voz
como se nada mais fosse preciso 
para nos encher
desse sentir a que muitos chamam de viver.

Porque perder o que nunca se teve
e não se sabe o que se quer.
Querer 
perder 
o poder 
que nunca teve
ou deteve 
sem margem para dúvidas 
hesitações
ou tentações.

Toca-me aqui
apenas para ver se ainda sinto.
As terminações nervosas 
de quem nada termina
plantando a próxima mina
na esperança de uma vida colher.

Pede um pensamento de louvor 
ao temor imperante
reinante que reina 
em terreno de Rei posto
Rei deposto
em busca de coração perdido.

Puro lapso
elevado ao pequeno salto
que nunca deu pelo medo de tropeçar no invisível
indivisível pelo próprio ser. 

Foi fruto de uma miragem que se colocou ao dispor 
de quem veio, viu e venceu
dispôs e colheu o que semeou.

Cuidado com as sementes que plantas.

Thursday, March 22, 2012

Poema da Sunce


photo: zacaria

Eu gostei de um post
Roubei-lhe o pc
e ela não gostou.

Não faz mal...
eu gosto dela à mesma.

Tuesday, March 06, 2012

Vislumbre de uma escuridão luminosa


Para se escrever
é sempre necessário haver um tema
por muito que se tema o que é escrito
ou simplesmente vivido 
sob a vazia casca a que muitos chamam de vida.

Ida fina e tão pouco segura de si mesma
reflecte as ausências do ser que outrora ocupou o seu corpo.
Morto por agora,
vivo ao dia de ontem.

Permanece um indecifrável mistério
a razão para tamanha confusão. 
E eu que pensava que era apenas da minha cabeça.
Se bem que já apresenta algumas dificuldades
em juntar o B com o A para formar o BA.
E não é o BA de Batman 
ou Batwoman 
que por vezes se confunde com o Bate-me uma.

Tão brejeiro que ele é
e em igual grau preocupado com tal, 
como se me pagassem para olhar para o que escrevo
como digo e aconteço. 

Na sombra permaneço 
sem prestar atenção 
ao errante alheamento da nação
vagueando na noção 
do "eu sei o que é o melhor para ti"
Toca aqui!

Torna-se fácil desarmar as mentes nuas
que percorrem as ruas 
do alto das suas andas
e tão baixo caminham
por entre a podridão 
aludindo-se à ilusão 
de tamanha pseudo-elevação.

Não há tempo a perder
enquanto pensaria no que fazer
sem encontrar resposta 
à demanda que se colocava
subtilmente colada
à aleatoriedade
de tamanha vontade
que recusava vergar 
perante impressionante demonstração de inutilidade.

Diga-se o que se disser
o entendimento e perfeição
apenas se encontra ao dispor dos néscios hipócritas
que encontram nas orações 
que negam a pés juntos fazê-las
a resposta à questão imperatriz, 
matriz dorsal do momento presente.

Responde a verdade.
Não para mim. 
Simplesmente para ti.
Tu? 
O que fazes aqui?

Friday, February 24, 2012

Sinapses em curto



Ideias parcelares
feitas de parcelas de seres desconexos
que adoram brincar às ligações.

Agora ligo aqui,
agora ali,
agora... 
ah... não dá.

Percebi desde o primeiro momento que te vi.
Algo se ia passa.

Por detrás desse olhar
que não fala e tudo diz
jaz o segredo da ilusão.
Uma imagem divina que se projecta 
levada à exaustão 
de uma mente que se julga maior
que a sua real dimensão.

Eternas verborreias 
levadas ao extremo
de um rumo errante
errado por nunca ter tentado.
Ultrapassar a barreira desfeita
pela persistência da alma que ignora 
o que a espera ao virar da esquina.

Termina por nada dizer
nada fazer
tudo a ver
e nada mais do que o focus no verbo ter.

Lamentamos o sucedido!
Palavras vãs
ausentes de sentimentos dignos de tal nome.

Não importa se o que escreveu faz jus ao que se pensa.
A atitude de quem marcou o ritmo 
sem dar conta do passo passado na penumbra
passada na presença de sua excelentíssima ausência.

Encontro marcado à hora certa. 
Frágil sombra do seu ser.
Poder sem saber que fazer.
Nem me apetece sujar as folhas de tinta,
que segundo alguns 
não mais seria do que a fotografia
de parte destas sinapses
num eterno estado de curto-circuito.
E insisto nisto, cujo o objectivo é... nenhum.

Insisto novamente e digo... nenhum.
É giro, dizem.
Marca de quem não quer ver
o que é visível aos olhos de todos. 
É bem mais fácil acreditar no que é mais cómodo,
sem causar por certo grande incómodo.
Venha daí esse grande, belo e confortável sofá 
que alberga o comodismo mental.
Pensar dá muito trabalho. 
Pensam-no sem o dizer.
Ou será que o dizem sem pensar?
Na realidade a diferença não é significativa. 
O importante é uma pessoa se divertir
e rir, rir sem parar.

Porque se um dia o relógio para...
Tudo fica parado.
Fixo.
Parado.
Esbarrado.

Não.

Parado mesmo.
Parado.
Parado.

Parado.

Thursday, February 23, 2012

Estrada de cimento





Penso no pensamento

que me sai da mente
umas vezes presente
outras doente
sendo que nas demais 
encontra-se simplesmente ausente.

Pede perdão
como quem passa por ele
não lhe toca
mas simula
emula sem o fogo sequer arder.
Arde no vento
que por momentos lhe tocou
abanou em tempos de loucura
tornada doçura
coberta de uma leve amargura.

O dilúvio de ideias
e ilusões
vendidas ao desbarato
remediadas daquilo que remediado está
mesmo sem haver remédio
para a maleita que deleita
o doente ausente daquilo que foi a sua saúde de ferro,
hoje gesto terno
coberto de um eterno
inferno.

Outono perdido
coberto de cimento
num inverno sem fim.

Cheguei mesmo a temer por aquilo que nunca fui
e no final fiz.

Diz a lenda que já bem mais faltou
para tão temível bis,
desenhado a giz
onde da ardósia apenas resta a memória.

Hoje a luz substitui a pedra negra.

Foi apenas mais um ponto,
no teatro da vida
que segue sem parar.
Se é que alguma vez começou...

Friday, January 13, 2012

Signo do sol



Perdido por entre o sentimento
da tua ausência presente
gera-se o entorpecimento das extremidades
que ainda há tão pouco tempo se perdiam nas tuas.

É a distância que nos une
e reforça aquilo que a razão 
por vezes nublada que distorcer
cobrindo de floreados desnecessários
à vivência sob o signo do sol
mesmo que durante o dia
pareça que seja a lua quem reina.

Reina o que há para reinar
permitindo e alimentando o ego
do egoísta ser
que para ontem tudo quer
sem querer ferir ninguém,
Apenas alimentar
a sua própria sede de calor humano
que tantas vezes escasseia a seu redor.

É louvor que fica sem ser dito
quando na realidade 
deveria mais era ser gritado
não escutado
mas sim ouvido por todo o mundo.

Não querem saber.
Tão pouco o têm
sendo caricato o posterior lamento do tipo
"Ah e tal, eu não merecia isto..."

Já mê pai diz
algo que dêle dzia
"Boa cama fazes
Boa cama te dêtas"

O meu pai é uma pessoa reservada no que toca a opiniões. 
Mas sempre que ele me dizia isto,
eu.... tremia. 
E perguntava-me sempre
"Oi... o que é que será que estou a fazer de errado?"

E a tua cama?
É fofinha?