Sou assim.
Um bocadinho para o parvo até.
Espalho pedaços de mim aqui e acolá
sem razão aparente.
Sente.
Ouve.
Mas não digas.
Refém.
Não convém que a palavra seja incómoda,
cheia de contexto ou sentimento.
O ser recusa-se sentir.
Ouvir.
Viver.
Ter.
Ter a certeza que o dia de ontem passou
o de hoje é presente,
e que por muito mau que tal fosse,
amanhã será um novo dia.
Mesmo que esse dia seja igual ao de hoje...
Ao que passou antes...
Ao que irá ser.
Mas é tudo ilusão.
Não existe crença quando a falta de fé se apresenta.
Contenta o sentimento com um prazer imediato.
Esgota os fundos negros da tua alma.
Limpa-a.... e começa de novo.
Ouço.
O que tens para me dizer.
Por muito que me doa...
...ouço.
E a puta do manual que está por escrever,
desta bíblia que é a vida.
Brotam-nos para fora desse buraco sangrento
e abandonam-nos sem a mínima preparação.
Ilusão.
Continuação...
... do passo
que segue um após outro
outro após um
num movimento perpétuo
uno.
Pára
e
Respira.
Inspira.
Expira...
Mais calmo?
Então comecemos outra vez.
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