Há dias em que apetece tudo menos ser alguém.
Desaparecer por entre uma multidão de nadas e nada ser
Pertencer a tudo e a nada ao mesmo tempo,
como se o tempo não fosse o de agora,
o de amanhã,
o de ontem
mas o de todo o sempre.
Para sempre é um longo tempo,
Para sempre é um longo tempo,
sem que o tempo seja uma medida real,
pautada e guiada no pensamento.
Pequeno momento fugaz
que se desfaz
rumo ao firmamento
e eu sem onde me firmar.
Poderia parar.
Mas assim não tem tanto encanto
e perco-me no canto
nesse recanto
onde jaz o meu pranto.
Talvez cheio,
talvez vazio,
pouco importa
porque tudo resiste por um fio.
Pio.
E o...
E o...
Cibilar de mais um momento
digno de um autêntico jumento
que no seu inerte tormento
tem muito mais movimento
ternurento
que apenas necessita de fundamento
para justificar o seu lamento.
O fio une-se ao pavio
O fio une-se ao pavio
e nos junta em tons melacólicos
pautados duma percepção parcial.
Não que outrora fosse total.
Mas pelo menos era bem mais significativa.
Não que outrora fosse total.
Mas pelo menos era bem mais significativa.
E a vida...
Ai a vida...
Um dia a seguir ao outro...
E eu preso entre o meu tormento
e a minha gratidão de um dia mais te ter aqui.
Não necessariamente para mim.
Mas simplesmente aqui... ao pé de mim.
Obrigado.
Não necessariamente para mim.
Mas simplesmente aqui... ao pé de mim.
Obrigado.
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