Friday, December 27, 2019

Sem ti tudo é melhor por muito que não o pareça


Olho para ti 
e apenas consigo ver o que perdi de mim
sem apelo nem agravo
o destino não quis que eu fosse feliz.

São a mentira e o medo que marcam os teus passos
desprovidos de sentido que não o teu próprio
tal como os cordelinhos que te manipulam. 

Dou-te demasiada importância ao referir sequer estas palavras
onde a luta que procurei dar tem apenas paralelo na tua recusa do fazeres.
Por certo, um direito que te assiste
Em que eu, por muito que estivesse de coração partido não te o neguei.
Compactuei inclusivo com tal.

Eles ganharam... e tu foste atrás. 
A minha vida por momentos acabou, 
sendo apenas adiada por outros
onde apenas a solidão e o desespero se instalaram. 
Mas eu ainda aqui estou. 
Ainda respiro. 
E enquanto assim for, há vida, 
sem que se tenha vivido grande coisa. 
Ausência de certeza, 
ausência de amor.
Tu não sentes. 
Eu sim.

Merda de jogo viciado,
onde o que perde é sempre o mesmo.
Irá algum dia mudar?
São fragmentos do meu ser
que se despedaça
e se volta a reerguer
sem crer que para isso haja algum sentido
algum destino,
algum rumo,
alguma razão.
No entanto volto mais uma vez a fazê-lo.
Chega.
Por mim chega.
Não quero mais.
Mas em algum momento
a minha vez vai chegar já que tu não és.
Foste. 


Photo by:orangebutt

Thursday, December 05, 2019

Última batida

A moratória 
não é obrigatória. 
O ritmo da que a batida vibra
assim empurra o incauto para escrever palavras vazias
cheias de um sentimento 
que o entanto não se é capaz de descrever.
Prover sem o dever
de transmitir conhecimento 
no meio de nadas a que se agarra
e nada sem que algum liquido o empurre para cima
ou tão pouco o afogue nos nós
que são os seus perpétuos pensamentos.
O movimento 
em algum momento 
terá de cessar
sem terra nem mar
que se vislumbre
e ilude a pobre alma que confia 
sem olhar para os perigos que a rodeia.
Incendeia o sentimento,
a vibração do batimento cardíaco.
Navega desesperado por um sentido
um norte, 
um marejar desprovido de amarras
ou tentáculos que o prendam. 
Provém do sentir
sem que se viva o presente
ausente
não menos pendente 
do momento anterior,
sonho póstumo ilusório
sem que a penumbra comprometa
o que promete,
sem sombra nem vigor
marcado na cara
despido de primor.
E oiço...
a tua voz...
o teu sussurro...
o teu clamor...
E eu no meio do meu canto,
petrificado,
com medo do próximo passo.
Sou criança.
Sou adulto.
Sou velho.
Sou novo.
Sou o tudo e o nada
que em nada me envolvo
e em tudo me queimo.
Por isso, 
temo o próximo passo.
E é tão fácil o dar.
Dá-me a tua mão, 
um abraço, 
um beijo, 
um forte construído de afecto.
Quem sabe se assim
algum dia caminharei, 
ou talvez sairei do meu canto,
pois nem com o canto encanto.
Simplesmente espanto.
As letras vazias 
ligadas ao pensamento desconexo
inertes permanecem.
Algum dia terei que andar.
Talvez amanhã.
Talvez não.
Agora, é que não.
Simples esforço em vão.
Vão às vossas vidas.
Afinal a mesma não pára
até à última batida.

Picture by: md-arts

Tuesday, November 26, 2019

Sente

Questionamos muito o mundo que nos rodeia
sem que muitas vezes haja razão para tal.
Outras, não o fazemos o suficiente.

Deficiente a razão
pela qual não se demonstra o que se sente.
Onde a amostra permanece simplesmente inerte
com receio da reacção de estímulos exteriores
e os seus respectivos reflexos no interior.
Palavras, atitudes e actos
por vezes inocentes
outras lancinantes
para quem apanha com eles
sem que em certas situações 
haja mérito, destino ou razão.

Permanece além mar
a incerteza do momento que se segue...
E o tempo...
Ai o tempo
que tanto mata e tão pouco deixa viver,
condição da nossa percepção. 

Se acham que eu não faço sentido algum, 
é algo pacífico para mim.
Não tenho que ter. 

Mas párem.
Por um segundo apenas e pensem...
na diferença de tempo que sentem passar
entre o beijar e perderem quem amam.

Dizem que o tempo é relativo.
Aquilo que se sente não.

Photo by: pascalcampion

Sunday, November 03, 2019

São vocês o meu presente

Existem forças que vão e vêm
batem-nos como se nada importasse
e pouco importa quando nada se tem 
e tudo se pode
independentemente da vontade alheia
a volúpia semeia 
por entre frestas de portas 
aparentemente fechadas
mas nunca realmente presentes.
Pintas apenas de imaginação 
o medo que oprime
sem que o corpo se aperceba de tal. 

O sono esbatesse
contra a mente que luta para permanecer acordada
enquanto os braços quentes e envolventes 
me puxam para o conforto da atraente alcofa.
Mas não.
Tenho de lutar, 
tenho que escrever,
pintar o que sinto
sem saber o que sinta
onde a verdade 
não me permite que minta. 
Sinto mais que nunca
um pouco menos que ontem 
não menos presente
ou talvez apenas diferente. 
Difere a opinião, 
a visão 
turva com a confusão reinante
por entre forças que aos poucos me vão escapando. 
Sentado do alto do meu trono escrevo,
não sei bem o quê
mas também não importa.
E mesmo que importasse,
quero escrever. 
Tenho de escrever, 
cuspir as letras que me consomem,
encontrar nelas a oração que me liberta, 
por entre traços nunca escritos
das nossas vidas 
perdidas no meio de um encontro ocasional
nada fortuito, 
bem mais que real 
na sua dimensão de total
de inteira parvoíce
vazia de merdinhas que nos chateiam aqui e ali.
 
E porra. 
A música não pára
tal como eu não consigo parar de escrever
mesmo que nada diga.
Mas sabe tão bem 
ver a mente jorrar esta torrente
com as letras pretas a aparecerem no ecrã branco.
Simplesmente deixo-me levar, 
embalado pelo vosso encanto
no meu recanto, 
só nosso, 
meu, teu, vosso..
só nosso.
No próximo parágrafo do próximo dia
que se avizinha 
e nos abençoa com a sua existência.
Para todos os efeitos, 
isto não é um fim. 
Apenas uma pausa, 
em jeito de abertura para o episódio seguinte
da nossa épica história.
Amo-vos,
mesmo não sabendo se sou correspondido. 
Não importa, 
ao contrário do que sinto. 
Não necessito da vossa validação
e por vocês apenas sinto gratidão, 
no pequeno sopro que é a minha vida
no meio desta infinita imensidão. 
 
O próximo passo...
presente.
Agradeço.
 
Sempre Presente. 

photo by: dalaiharma

Tuesday, September 10, 2019

Besta

Sou uma besta
mas preciso de ser amado.

Precisamente por ser uma besta 
é que mais preciso de ser acarinhado. 

Ser uma besta
não foi uma escolha.
Fui empurrado sem que o tenha pedido
E como tal
vital para a sobrevivência do ser
simplesmente reagi aos estímulos mundanos
desta puta de vida
quem em vez de sorrir para mim
substitui o para 
para um de.

A vida não tem culpa. 
É o que é.
Tal como as situações diárias que se abatem sobre nós.
Mesmo que o nós,
 no sentido de ligação seja ilusório.
Não deixa de estar presente 
nas interacções aquando da partilha dum mesmo espaço
pelos nossos corpos.
Ora presentes. 
Ora ausentes.

O monstro precisa de amigos
frase repetida
elevada ao explendor da louca
Já diziam os Ornatos
bem como alguém que se apropria do título para si.
 
Há almas que são lindas.
Lindas sem que se veja
aquilo que as ilusões escolhem.
Por vezes só nos dão vontade de beijar
e tanta gente se queixa da falta dele
mas é um constante negar
sem dar espaço para que tal aconteça.
 
Para não variar
o ritmo e a sequência do texto
é orientada por um onirismo tal
onde mal se percebe
o seu inicio, 
o seu meio
e como se dirige para o fim.
 
Os fins são sempre relativos
bem como a dor associados aos mesmos.
Pautados de dor
ou até mesmo ausentes dela
onde a razão não é mais do que o espaço
que a nossa mente permite.
O sentimento não invade o espaço da razão.
 Às vezes até andam juntas
mas neste caso separadas, 
tal e qual as contas da vida
onde se sente que se deve algo 
sem que nada tenha sido feito para isso. 
 
Mas tudo isto,
que foi dito,
escrito,
filmado, 
descrito, 
nada altera o facto que sou uma besta.
 
E até uma besta 
necessita de ser beijada,
de sentir a entrega completa
sem cobranças.
Ser amada
como eu sempre te amei.
 
https://www.deviantart.com/mleth
 

Tuesday, September 03, 2019

Sólido movimento inerte

Porque tudo pára um dia. 

Um dia tudo pára. 
Olhas em redor e não sabes porquê.
Questionaste da razão 
e além dos sentidos
não tens qualquer indício para a sua origem.

Não deixas de procurar o porquê.

A tua mente é curiosa 
e nada a detém até encontrar o motivo
pelo qual tudo o que estava em movimento
de um momento para o outro
sem qualquer indício da sua fonte
fez parar tudo
sem encontrar vestigios para a sua origem.

Tudo passa
tudo anda
tudo se move.
O pêndulo eterno do ritmo dos dias
abrandados à noite
sem ainda assim se deter
o movimento perpétuo do ser.

Extingue-se a luz
para no momento seguinte voltar a surgir no horizonte
brandando ao céus a alegria da sua existência
por muito que no bréu 
a crença popular o negasse.

Não é por o negar que faz dele menos real...
presente.
Pode até não ter muita força. 
Mas dadas as condições propícias
é ver renascer 
o ser
outrora julgado extinto
mas que agora nada o pode deter.

Qual fénix de além mares
forças circulares
ventos de sudoeste
e o momento presente 
que enrola e ofusca o luar
ao qual lhe sirvo o teu manjar.

Silêncio. 
O menino está a dormir.
E a seus pés todo o mundo se prosta
bem como eu quando te vejo sorrir.

Pic by: solfar

Friday, August 09, 2019

Norte

Estou podre. 

Não mais podre que muitos dos que andam aí. 

Simplesmente podre. 

Não que eu ocupe um volume de monta.
Até estou de dieta e tudo. 
Mas o dia a dia 
que vem desde o dia do meu nascimento 
até ao dia de hoje
deixa-me podre.

Cansado de tudo e de todos.
O peso oprime-me,
puxa-me para baixo,
sem apelo nem agravo. 

Estou podre.
Menos podre do que muitas outras alturas da minha vida
onde desaperecer nem solução era
tudo me apertava
tudo me consumia,
não havia um vislumbre de luz
uma esperança no horizonte
uma razão para lutar
um sentido de viver
onde nem o morrer servia.

Estou podre
Mas diariamente luto para deixar de estar
dia após dia após dia
travo batalhas infinitas 
contra inimigos invisíveis
Um autêntico Don Quixote dos tempos modernos.

Estou podre e luto sem sentido algum,
mas algum sentido tudo isto começa a fazer
a partir do momento em que olhei para ti
e vi o teu sorriso. 

Nesse momento parei 
e simplesmente olhei para ti. 
 
Estou podre
e tudo era negro 
o abismo permanente
a solução para tudo isto... ausente.
Mas tu...
tu... foste o meu presente.
 
Olhei para ti
e sorri.
 
Nesse momento soube que tudo iria ficar bem.
O brilho voltou
o velho virou novo
e o podre transformou-se num quadro em branco 
pronto para pintar com as histórias das nossas vidas.
 
Ainda não estou morto.
E mesmo que o podre volte
não terá hipótese.
Não deixaste de ser a razão 
que me deu o norte.
E o podre só tem como destino a morte.



Pic by: hannahcrackanegg


Tuesday, August 06, 2019

O nome está lá

Rumo a destino incerto
onde o norte parece ser um meio
coberto de obstáculos
embora antecipados
não menos deixam de ser presente.

Um sorriso em forma de letras
ausente presença 
em forma de sentença
a um destino proscrito
onde a luz se faz presente.

Teimo em lutar por algo que acredito
mesmo perdido vejo direcção 
e sentido de algo maior que a vida
em que o coração bate acelerado 
no momento presente.

Este é o teu texto, 
que pode até não ser nada de especial
em oposição daquilo que és para mim.
o futuro é sempre inconstante, 
mas fazer parte do teu mundo 
não é menos do que um presente
e salvo a redundância sempre presente.

pic by: chessasworld

Thursday, June 27, 2019

Espaço

Tudo na vida é espaço. 
O espaço que nos separa.
O espaço que nos une.
O espaço onde a ausência é tudo aquilo que ocupa lugar.
O espaço partilhado por um ou mais seres...
ou coisas.
O espaço geométrico ou abstracto que desenha o sentimento
retratado ou escondido nas acções do dia a dia.
O espaço onde a palavra oprime 
e a falta dela cria vazio 
outrora cheio de emoção
extrapolação elevada ao expoente da loucura.
Assim dizem os loucos cínicos desta vida
preenchida de espaços temporais, 
entre o que é, o que foi e o que poderá ser, 
tingidas dum espaço emocional 
vergado tanto quanto a resistência aguenta. 

É urgente amar
sem superficialismos quotidianos. 
Amar sem suspeitar,
entrega desprovida de egoísmo.
 
Sim, 
isto parece uma manta de retalhos.
Ao fim ao cabo não são mais do que pequenos espaços
unidos uns aos outros, 
tal como tu a mim neste momento.
Eu escrevo.
Tu lês.
Tal e qual um burro a olhar para um palácio. 
Mas NADA nos tira este espaço,
só nosso.
 
pic from: kuldarleement