Friday, February 24, 2012

Sinapses em curto



Ideias parcelares
feitas de parcelas de seres desconexos
que adoram brincar às ligações.

Agora ligo aqui,
agora ali,
agora... 
ah... não dá.

Percebi desde o primeiro momento que te vi.
Algo se ia passa.

Por detrás desse olhar
que não fala e tudo diz
jaz o segredo da ilusão.
Uma imagem divina que se projecta 
levada à exaustão 
de uma mente que se julga maior
que a sua real dimensão.

Eternas verborreias 
levadas ao extremo
de um rumo errante
errado por nunca ter tentado.
Ultrapassar a barreira desfeita
pela persistência da alma que ignora 
o que a espera ao virar da esquina.

Termina por nada dizer
nada fazer
tudo a ver
e nada mais do que o focus no verbo ter.

Lamentamos o sucedido!
Palavras vãs
ausentes de sentimentos dignos de tal nome.

Não importa se o que escreveu faz jus ao que se pensa.
A atitude de quem marcou o ritmo 
sem dar conta do passo passado na penumbra
passada na presença de sua excelentíssima ausência.

Encontro marcado à hora certa. 
Frágil sombra do seu ser.
Poder sem saber que fazer.
Nem me apetece sujar as folhas de tinta,
que segundo alguns 
não mais seria do que a fotografia
de parte destas sinapses
num eterno estado de curto-circuito.
E insisto nisto, cujo o objectivo é... nenhum.

Insisto novamente e digo... nenhum.
É giro, dizem.
Marca de quem não quer ver
o que é visível aos olhos de todos. 
É bem mais fácil acreditar no que é mais cómodo,
sem causar por certo grande incómodo.
Venha daí esse grande, belo e confortável sofá 
que alberga o comodismo mental.
Pensar dá muito trabalho. 
Pensam-no sem o dizer.
Ou será que o dizem sem pensar?
Na realidade a diferença não é significativa. 
O importante é uma pessoa se divertir
e rir, rir sem parar.

Porque se um dia o relógio para...
Tudo fica parado.
Fixo.
Parado.
Esbarrado.

Não.

Parado mesmo.
Parado.
Parado.

Parado.

Thursday, February 23, 2012

Estrada de cimento





Penso no pensamento

que me sai da mente
umas vezes presente
outras doente
sendo que nas demais 
encontra-se simplesmente ausente.

Pede perdão
como quem passa por ele
não lhe toca
mas simula
emula sem o fogo sequer arder.
Arde no vento
que por momentos lhe tocou
abanou em tempos de loucura
tornada doçura
coberta de uma leve amargura.

O dilúvio de ideias
e ilusões
vendidas ao desbarato
remediadas daquilo que remediado está
mesmo sem haver remédio
para a maleita que deleita
o doente ausente daquilo que foi a sua saúde de ferro,
hoje gesto terno
coberto de um eterno
inferno.

Outono perdido
coberto de cimento
num inverno sem fim.

Cheguei mesmo a temer por aquilo que nunca fui
e no final fiz.

Diz a lenda que já bem mais faltou
para tão temível bis,
desenhado a giz
onde da ardósia apenas resta a memória.

Hoje a luz substitui a pedra negra.

Foi apenas mais um ponto,
no teatro da vida
que segue sem parar.
Se é que alguma vez começou...