Saturday, October 30, 2010

Coração


Quis te dizer as palavras que circulavam pela minha mente,
algo que a boca não permitia que as mesmas conhecessem a luz do dia.

Gotta love the man even if you don't agree with what he says.

Poderia até ser o título de um romance,
ou uma outra coisa qualquer.
Letras e palavras debitadas ao acaso.
Ainda assim por diversas vezes há quem no meio desta amalgama,
encontre um qualquer tipo de sentido.
Se bem que não ter nenhum já por si o faz um.
É um rol infinito de repetir até à exaustão, 
meramente deitar cá para fora aquilo que não se sabe.
Mas tem o sabor a qualquer coisa,
um tipo de fel,
pois mel por certo não o será.

Pedes-me a mão para me esbofetear a mim mesmo.
É só mais uma a seguir a outra.
Mais um grãozinho de areia nos olhos, 
mais uma linha que anda sempre à pesca,
à procura do que possa encontrar.

Vazio, denominador comum,
outrora desconhecido,
hoje presente,
pressente,
ausente.

Parou.

Parou.

Tunc! Tunc!
Tunc! Tunc!
Tunc! Tunc!
O coração continua a bater.
Até quando?
Até quando?

Tuesday, October 26, 2010

Quem?


Quem é quem?
Quem é que te pergunta
quem é que foi?
Quem quer saber quem?
Quem?
Como quem fizesse a diferença
sobre quem disse quem.
Quem?
Quem?
Quem quer saber?
Quem pergunta quem?
Quem diz quem?
Quem?
Tu?
Quem és tu?
Quem queres que quem seja?
Quem te permites ser
e quem pensas que és?
A quem dizes quem?
Como se o quem
alguma diferença fizesse no és...

Monday, October 25, 2010

Pequeno

 

Sinto-me pequeno
pequeno
tão pequeno como uma folha
 que cai de uma árvore
no silêncio cortado apenas pelo vento
que apara a queda
dedo que não toca
ouve o que rodeia
sem lágrima ou guia
deixando o abraço te acolher
ouve...
ouve...
e por muito que tente
já não sei escrever
descrever o que me vai na alma
alma que tenho ou procuro
sem a noção do que é ser
ou respirar o toque
a beleza da viagem
responder ao que fica
e toca
e vibra
por isso quis caminhar
por entre o olhar vazio
vida que respira e transpira
o vazio que reside na vivência alheia.
Pensas nas ilusões que se criam
e crias aquilo que não querias.
Mas não consegues controlar a tua mente.
Deixaste deturpar pela visão que criaste
e bloqueias tudo em teu redor.

Sinto-me pequeno.
Pressinto o que está para chegar
sem bem vislumbrar a sua forma.
Fecho os olhos e consigo cheirar.

Segue uma nova fase, 
uma nova frase,
uma nova página, 
um novo capítulo, 
um novo livro.
Título que ficou por escrever,
ainda por terminar.

Vago, 
espaço que fica por ocupar,
o estar aqui, ali, a sorrir, 
sem nada temer,
sem a ninguém ligar,
parar não é opção.
Quem para morre 
e há muito que não me movo.

O tempo de morrer a seu tempo virá.
Agora... é tempo de viver 
e mais tempo não tenho a perder.
Mas ainda... me sinto... pequeno.

Sunday, October 24, 2010

Eu até gostava de ti...



É por certo nas alturas mais estranhas
que temos vislumbres daquilo que a vida nos quer dizer.
Fazer para o amanhã não ficar pendente.
Treme e vive na incerteza colorida de imagens dissidentes.
O olhar que tudo disse sem uma palavra sequer soletrar.
Vive no passar da incerteza dos dias,
saltando de cá para lá e de lá para cá.
Novo marco, novo traço
fruto da certa incerteza,
inerte, inverte e perverte.
Pende de mais um traço que não se encontra em lado algum.
Apenas na tua mente divergente e pouco clara,
ofuscada pela tua própria obsessão.
E feres sem te preocupares.
Imaginaste isenta e completamente livre da reacção das tuas acções.
Permites-te autênticos atentados agindo como mais que os demais.
Cegueira alimentada pelo ódio de uma causa jamais questionada.
Nutrida pela ignorância de acções alheias,
Segues no teu caminho errático, trilhado de ódio da vida que é a tua.
Pessoa que sou eu, empecilho no teu 
onde plantas e semeias autênticos pilares de auto-destruição.
Ouve-se a quilómetros o tic-tac, tic-tac do relógio dentro de ti,
prestes a explodir com tudo o que te rodeia.
Apenas te ofereci uma mão, prontamente recusada,
em nada armada, apenas desinteressada.
Quis-te apenas feliz nos meus braços.
Agora nem isso.
O feliz mantém-se, mas, quando mais longe, melhor.
Espero que não morras.
Irei limpar por certo o lixo que fizeste, deixaste e não olhaste.
Viraste a cara à luta e simplesmente fugiste.
Não é por certo ódio o que vive em mim.
É algo que vai mais entre a incompreensão e o lamento.
Ai que merda de texto...
mas não tanta quanto a que tu demonstra ser... para mim.
Que texto este tão cru.
 Sou apenas eu, aqui... nu.

Thursday, October 21, 2010

Era veneno...



Estava prestes a escrever algo
destinado a destilar o mais puro veneno
entranhado dentro de mim.

Com este som... é-me difícil,
para não dizer de todo impossível o fazer.

A sensação que tenho ao ouvi-lo
não é convertível de todo em palavras.
Palavras essas que tanto nos limitam,
empurram-nos para cantos dos quais nunca queremos sequer entrar.

Mas entro, canto e digo o que me vai na alma.
Penso até por vezes que posso ferir,
mas porque não o hei-de fazer?

"Uma florzinha aqui pelo meio também não ficaria nada mal", dizes-o tu.
O que dizes... pouco ou nada me importa.
Tiveste a tua oportunidade e simplesmente a deixaste ir.
Abriste a mão, da mesma forma que eu o meu coração.
Não será por certo agora que te a darei
E tão pouco te condeno por tal.
Nunca tive jeito para carrasco, afinal.

Já me custa acabar de escrever,
tanto tenho pendente que fica por dizer.
Todo o meu corpo pede cama... adormecer.

Resisto agora que é um novo dia... noite.
Um lutar do dia anterior contra instintos de pouco salutar.
Nadar pelo meio de tanta hipocrisia acumulada,
digno de um autentico shô de feira de vaidades.

Eu não estou ali no meio.
Sou apenas figura presente que se permite expor a nu,
aquilo que os olhos julgam acreditar.

Alimentar a ilusão sem nada fazer.
Mesmo o não mexer... já é algo.
Porque julgam sem perguntar?

O som continua a tocar...
a tocar-me...
abraçar-me...
Como os teus braços que nunca senti em torno dos meus.

Era tão bom...
Era tão bom...
ficar assim.

Tuesday, October 19, 2010

Aglomerado de letras a pedido da Urraka.


Queres um poema, pede um poeta
eu, tudo o que fui,
tudo o que serei,
jamais poderei ser tamanho fingidor.
fujo e estico,
...mas sempre me encontro... perdido.
Ferido.
Não quis cantar.
Tão pouco a outra coisa que acaba em ar.
No entanto, ela tocou-me no ombro.
Lamentar, levar a novo lugar.
Tu estás ai,
Eu aqui.
Não será por certo a distância que nos separa,
mas sim a ausência de som no ar.

Sunday, October 17, 2010

Isto não é um texto fofo...




E se fossem todos se foder?
Sim.
E se fossem todos se foder?
Seria até um favor que fariam a vós próprios.
Irem-se todos foder.
Sempre seria mais útil do que estarem para aqui a ler-me.
Fodam-se.
Fodam-se como se não houvesse amanhã.
Fodam-se ou fodam-me os cornos até.
Aliás... até bem que me fodem,
a cara de enjoados que fazem,
as idiotices que pensam.
Fodam-se porcos.
Sim.. são todos uns porcos imundos de merda
que bebem o seu próprio mijo.
Hipócritas de merda que nem do vosso próprio escarro são dignos.
Muito menos do meu.
Só não vos cuspo na cara porque me falta saliva.
Vocês metem-me nojo.
Ponham-se nas putas.
Afinal é apenas uma outra forma de vos dizer...
vão-se foder.
Mas esperem...
Esperem...
Um bocadito mais de...vagar.
Vão... se... foder.
Foder.
Foder...
Pois eu... já não quero saber...

Saturday, October 16, 2010

Sabes?


Apago tudo para tudo começar de novo.
O tudo que surge do nada.
Estaca zero.
Espeto no ar o vazio da minha inconsequência,
sequência vazia e repetitiva,
de ideias cheias de ar que nada dizem.

Não, não vou projectar as minhas frustrações em tristezas alheias.

O não saber quando, como, de que forma começar,
empatar com receio de ganhar,
temer sem viver,
ouvir e não dizer.

Espera...

Mais uma quebra,
padrão que se repete num ritmo misericordioso.
Piedoso até sem piada alguma.
Palavras ao desbarato,
e mesmo assim foges com medo que te atinjam.

Coloco até as mãos pelos pés.
Ou será ao contrário?
A mão que não toca,
olho que não vê,
coração que não sente,
mas bate, batem sem parar.
O meu parou.
Congelou no tempo e ele não pára.
Pára.
A pala segue posta.
Já não deveria estar lá.
Mas está.

"Move-te. Move-te."
Grita ele para as pernas em tom a roçar o desespero.
E porque bloqueias?
Tão simples.
É só...
É só...
...um passo,
a seguir a outro,
e mais outro,
em rumo errático.
Errado não importa.

Fico com sede,
molhado.
Falo sem pensar.
Penso sem o dizer.
Faço-o até.
O falar e o pensar deixam de contar.
Remata, chuta para canto.
Dispenso, ainda não sei bem o quê.
Mas dispenso com todas as minhas forças.

O sono é que não.
Começa a cair sobre mim e faz-me falta.
Vou dormir,
para amanhã parvoíces como esta não me faltar.
Afinal...
Sabes o que me falta?

Thursday, October 14, 2010

Fui ali... já venho...


Poderia ser mais um...

Poderia ser muita coisa.

Poderia.

Ter o poder de ver e não temer.
Viver.

Sumo que surge de uma seiva
feita de meit...

Bolas.
Como me safo desta?

Esta.
Esta está encostada à parede.
Riso funesto, quebrado, enfeitiçado.
Por certo irado...
Mas continua a parede encostada a... esta.
"Mas está?" perguntas.
"Efectivamente está" respondo.

Não mando,
contorço-me
e invento.
Vento que me toca,
vento que me abraça.
Toca-me!
Beija-me!
-me!
-me!
-me!

Punheta não importa.
Dá-se ao punho e...
a seiva...
quando sai...
quando calha...
Cai no espaço.
E é uma eternidade o tempo que separa,
o caminho que vai desde a pila... até ao chão.
Tesão... foi-se.
Mas a vontade fica.
Fica a fervilhar,
por debaixo da pele quente, suada,
ainda não queimada,
mas não se vê...
Não, não, não...
tesão de ilusão...
a solidão...
Clausura, matura mas não segura.
É a vontade do povo,
e a mão sempre ajuda.
Ajuda.

Rufam os tambores
que batem sem temores,
da mesma forma que eu bato
a porta que fica para trás.
Lá atrás...
Lá atrás...
Vem.
Vem se fores capaz.
Quero-te ter bem aqui juntinho a meu lado,
para depois, me pôr dentro de ti...
minha linda!

Afinal,
eu... não fujo.
Pois eu... já não estou aqui,
assim, a olhar para ti.

Tuesday, October 12, 2010

Texto vazio de um velho olhar...


Não me apetece escrever.
Não me apetece falar sobre nada.
Não me apetece ver ninguém.
Não me apetece mexer daqui.
Procurar mais além o que haverá por ali.

Sou um espírito livre
no entanto preso na minha acção.

Perde-se o sentimento num destino incerto,
sem rumo nem sentido
num deserto de ideias, toque ou emoção,
despido de um vislumbre lunar
que brilha, encanta...

Tendo a divagar,
deixar me levar pela língua,
instinto semeado, lavrado e colhido
em terreno árido apodrecido,
não regado,
literalmente sofrido.

É o alcatrão no chão,
os cinzentos prédios,
gente desconexa que passa lado a lado.
Tocam-se inclusive,
Não com as mãos,
mas sim com os cotovelos.

Novelos de lã associas à avó.
A avó já não está.
Morreu no esquecimento de toda a gente.
O velho não vira novo,
E tão pouco são os trapos.
O velho é incómodo.
É chato e dá trabalho.
Erradicam, ignoram, esquecem-se.
Mas é tão bela a velhice.

Não se o diz, por certo.
É politicamente incorrecto.
Tudo é devidamente medido.
O que se ganha.
O que se perde.
E eu já não sei o que digo...

Sigo perdido neste mundo,
como muitos outros...
Sou apenas mais um.
Mas não.
Não sou apenas mais um.
Sou único,
E como eu não há nenhum.

Sou como os dias.
E por muito que se tente,
não há dois iguais.

Por vezes olho e pergunto,
quem se pergunta por mim,
e onde estão eles?
Querer-me-ão eles?
Que pensam eles?
Que vivem eles?
Lêem-me eles?
Que sentem ao me ler?
Quem são os eles
e o que pensam de mim?

E porque não me o dizem?

Simplesmente tenho curiosidade.
Sou um tipo curioso,
não tanto piedoso,
muito menos misericordioso.
Jocoso, vá.
Perdulário do meu mesmo tempo,
pendente do segundo seguinte.

Vive.
Vive rapaz.
Vive que a vida é só uma.

Pouso então o copo,
olho-te nos olhos,
e nada te digo.
Torturo-te com o meu silêncio.
Castigo-te com o meu olhar.
Não te beijo mais,
Tão pouco te toco.
Morro mais um pouco
e tão pouco te quis eu dar.

Custa não perceber que pensamentos vão atrás do olhar.
Do olhar...

Jaz o silêncio na sala.
Pequeno nervosismo, talvez... até.

Tudo à espera de um final.

Será que haverá um?
Porque terá de haver?

Friday, October 08, 2010

Eu por vezes sou assim...

Do alto da minha cegueira, "ofereço" coisas a quem não merece...

Liga-me


Poderia ser mais um grito de ilusão.
Respira olhando para o que se encontra em redor.
O temor da imagem que se alimenta... amor...
Divisão. Perdão.
Perde-se na vaga noção do dever.
Manter a todo o custo a cabeça acima, à tona da água.
Revés de ideias e pensamentos.
Murmuro no escuro,
como uma criança que se esconde dos perigos lá fora.
Cobardia por certo, muito o podem dizer.
Saber fazer. Dizer. Acontecer.
Vislumbrar a emoção.
Torna de volta ao nó que tudo começou.
Existe sempre o medo do ser demais.
Persistente demais,
Ausente demais,
indiferente demais...

Bolas...

Não consigo escrever.

É como se... simplesmente estivesse bloqueado.

Writer's block é do pior.
Do piorio mesmo.
Quando penso em algo.... bloco.
Bloco mesmo daquelas pedras pedras grandes e consistentes,
bem maior que a tua cabeça.
Bloco.

Serei eu que me impeço de escrever coisas que não quero ler?
Mas eu nem leio o que acabo de escrever...

Talvez seja apenas falta de tema, lema...
teorema...
te le fo ne ma...

telefone, telefone, telefone....
É isso mesmo... liguem-me...

"Estou?"
"Estou."
"Então?"
"Então?"
"Tudo bem?"
"Tudo. E contigo?"
"Também.... Então?"
"Então?"
"O que tens feito?"
"O mesmo.... E tu?"
"Também... Então e... a namorada, a tia, a prima, a mãe, o pai, os avós e os irmãos?"
"Está tudo na mesma.... E os teus?"
"Também."
"Tá... liguei só para saber, tá?"
"Tá..."
"Então xau"
"Xau"
"Ficas bem?"
"Sim. E tu?"
"Também"
"..."
"Tá... Então xau"
"Xau"

Plim.

Thursday, October 07, 2010

Vi... Vi...




É tão bom estar no estado em que me estou a cagar para tudo.
Bem. Não é que seja bem tudo,
mas mais para o que pode advir dos meus actos,
das minhas palavras,
das minhas acções.
Não me prender pelo
"Ah, o que é que será que vão pensar?"
Libertar-me dos pressupostos...
Hoje, olhei para os teus lábios e apetecia-me beijá-los.
Os teus, os dela e os dela.
Perdão pela minha falta de selecção,
fruto de carência,
ou simplesmente pura emoção.
Emoção de viver,
não pensar no amanhã,
simplesmente me desprender...
O destino é irónico e gosta de nos pregar partidas.
Tal como tu partes, também eu fico.
Patusco ou triste talvez.
Não importa.
Nada importa desde que a poesia não se quede morta.
Continue a cintilar, a ressoar, nos nossos ouvidos tocar.
Não só nos ouvidos mas principalmente no coração,
Coração que se enche de alegria,
que toca e vibra,
respira harmonia num estado Zen.... Men.
Pois é.
A rima conspira contra mim.
Todos o fazem.
Mania da perseguição?
Nãaaaaaaaaaaaaooooooooooo, é só impressão.
Vira a página Manel,
Vira, vira e vira.
Vira ainda outra vez.
Rimo, respiro e entorno,
mais um copo, mais um vinho.
Foi para isso que aqui vim.
Esquecer tudo o que está lá fora,
E vibrar letra atrás de letra.
Letra atrás de letra,
proveta não quero é artificial.
Chega.
Quero-o natural,
como a vida que procuro mas não vivo.
Respiro.
Ainda respiro.
Ainda respiro e a máscara mantêm-se.
Inteira por enquanto,
não sei até quando.
O destino... a cama....
Bem, pelo menos que não tenha mais sonhos marados.
Para isso já me chega quando estou acordado.
Vou para ali.
Ali.
Dali.
Aqui.
Vi.
Vi.
Vi.
Não menti.
Vivi.

Tuesday, October 05, 2010

Manual de instruções


Pelas pedras da calçada escrevem-se...
idiotices como esta.

Pelo meio de tanta flor
que desabrocha nesta muralha de alcatrão
não se vislumbra qualquer tipo de cor.

Por estas e por outras é que as coisas seguem sem sentido.
Perdido.

Está frio e a minha alma adormece... inerte.

Alma?

Alma!?

Que raio!!!

O cachorrinho corre, corre,
atrás da bolinha que não vê.
D. Quixote também o fez,
mas ele via aquilo que mais ninguém se atrevia.

Disparas sinais de cobardia,
cuja origem encontras nos demais.
E recusas... recusas a ver em ti.

Sento-me nestas minhas nalgas,
preso na minha própria ilusão do vazio que me enche.
Desesperado por sair desta prisão,
desesperado por fugir de mim mesmo.
Dão-me a mão e eu aceito.
Porque quero fugir, fugir e fugir.
Gosto de lutar, mas a cobardia apodera-se.
Apenas me resta uma alternativa.
Fugir.

Se ao menos existisse uma boa causa, ao menos...
Não daquelas em que somos sempre os últimos a abandonar o barco,
quando o mesmo se afunda.
Sinto-me a morrer, mas quero viver.
Onde está a merda do manual de instruções?
Que mania de deitar para o lixo toda a literatura que acompanha o produto.
Será que a fruta também vem com instruções?
E a vida?

Alguém me pode indicar a porta de saída?
Para mim, chega.

Monday, October 04, 2010

Momento


Pedes-me o mundo envolto em sorrisos descrentes.
Perdeste no vazio das tuas incertezas,
um pouco sem saber se fizeste a escolha certa...
Ao menos, fizeste-a.
Recusas o momento de uma alma que viva ao relento.
Por certo que o destino é incerto.

E tu, questionas... questionas-te...
E eu onde fico? Como fico no meio disto tudo?
O tu é irrelevante, uma vez que o eu há muito se perdeu.
Necessita de se encontrar,
mexer as pernas,
andar.
Se é para ser sozinho... que seja.
O hábito não é algo novo,
tão pouco o não saber lidar com tal,
atar a bola de metal à perna
e ficar sem sair do mesmo lugar.

Chora, provoca, espanta e fica só.
Seria só um momento...
Mas são mais e mais e mais do mesmo.
Tudo tem um fim.
Pode é não ser o que esperamos.
Raramente o é...

Sunday, October 03, 2010

A lula faz-me disto...

J’ai pas la courage d’écrire une texte en français.
In english would also reduce my word's strength.
En español tampoco mis palabras
te dirían lo que no te quiero decir.
C'è Lula chi suona e canta
e con la sua voce m'incanta.
É Portugal a minha origem,
é portuguesa a minha essência.
Lula não se deixa prender pela língua.
Canta con la lengua que mas le gusta.
Umas vezes em francês,
otras en portugués,
Et autres fois en espagnol.
Le limite senza dubbio che siamo noi che gli facciamo.
God only watches e nada faz
de modo a que água não continue a rumar rio abaixo.
Misturamos sem ordem de ninguém,
tal e qual como fazemos com os sentimentos que nos invadem
senza il permesso di nessuno.
Quero gritar aquilo que a minha alma não descortina.
Por si aquí me encuentro cariño,
a saudade que alimenta o sonho do "então e se...?"
allow you to enter in a vague nostalgia
painted from le sfumature che ci abbracciano.
Onde estás?
Où ès tu?
Where are you?
Dové sei?
Donde estás?
Porque levaste o meu beijo e não voltaste?
Porque o levaste...
E não voltaste?
No nosso leito te espero.
No nosso leito vejo os teus olhos que brilham aos olhos da minha imagem.
Ali nos encontraremos...
Até breve.
Até breve.

Saturday, October 02, 2010

A música ausente de certas vidas...


Música, música, música.
O coração pode rasgar ao ritmo que as lágrimas caiem,
mas a música, essa, nunca deixa de estar presente.
A música não mente, esconde o que sente.
A música está lá quando todos os demais se encontram em estado... ausente.

Por muito que na minha cama me deite sozinho,
serves sempre como aconchego.
Dás-me a mão e não deixas a mesma...
Afinal, só faz falta quem está.
E quem não está que se...
... seja feliz nas escolhas que faz.

Filho pródigo em destinos escritos,
à partida já proscritos,
mantém a luta por causas que em nada pedem a sua entrega.
Um autentico D. Quixote diriam alguns.
Parvo ou mesmo idiota dizem outros.

Quis abraçar o mundo com os seus pequenos braços,
e nem a si foi capaz de abraçar
quando em seus joelhos se prostrou.
Rezou pelo mundo e maldiçoou o criador de tudo isto,
por aquilo que crê que é de seu direito.
No fundo, uma vítima de si próprio.

Perdido na vanidade,
inutilidade de um dia mais que se passou
e chega agora a seu fim.

E não por o texto se encher de palavras,
que a cama irá estar devidamente preenchida...
muito menos a sua alma...
essa...
essa...
onde anda e porque lhe é constantemente negada
o prazer de viver sem perder...
simplesmente perder-se....
em seus braços de vento,
calor que serve de alimento.

Fome, tudo o que há.
Afinal onde anda o pão que alimenta a boca?
Chega de (des)ilusão!

Friday, October 01, 2010

Fátuo


Mordido pela sombra da minha indiferença
caminho sem saber por onde ando.
Caminho sem saber o que sou
porque sou
como sou.

Sou uma imagem vã da essência daquilo que sei
que um dia julguei saber.
Perco-me sem sair do mesmo sítio,
dentro de mim mesmo,
entre efeitos e fitas coloridas... tudo difuso.

O tic, tic, tic da melodia que invade esta divisão
sente-se em todos os pêlos,
em todos os poros
em todas as lágrimas que ficam por cair.

Vazio de alma que enche os demais,
alimentam a minha incredulidade,
dualidade entre o render e o lutar.
Como se alguma das duas fizesse diferença.

Tudo acaba por ser tão fátuo,
mesmo as palavras usadas,
outrora aprendidas, esquecidas e reaproveitadas
acabam por perecer.

E o nascer...
Todos os dias se nasce um pouco
e se morre em igual escala.
Mais um traço no calendário,
mais um dia determinado ao esquecimento...

Também eu me esqueço progressivamente de ti,
não tanto quanto tu o fazes de mim.
Os problemas sociais a esta altura passam-me ao lado,
tal como os sentimentais.

Sou fantasma sem rumo,
orador sem louvor,
voz ignorada,
voz que não se ouve.
Houve tempos que foram assim
e em nada mudam,
pois sou o mesmo que sempre fui.

Peço... um único e só momento.
Não sei porquê,
tão pouco para quê.
E com isto o momento já se foi...