Friday, October 01, 2010

Fátuo


Mordido pela sombra da minha indiferença
caminho sem saber por onde ando.
Caminho sem saber o que sou
porque sou
como sou.

Sou uma imagem vã da essência daquilo que sei
que um dia julguei saber.
Perco-me sem sair do mesmo sítio,
dentro de mim mesmo,
entre efeitos e fitas coloridas... tudo difuso.

O tic, tic, tic da melodia que invade esta divisão
sente-se em todos os pêlos,
em todos os poros
em todas as lágrimas que ficam por cair.

Vazio de alma que enche os demais,
alimentam a minha incredulidade,
dualidade entre o render e o lutar.
Como se alguma das duas fizesse diferença.

Tudo acaba por ser tão fátuo,
mesmo as palavras usadas,
outrora aprendidas, esquecidas e reaproveitadas
acabam por perecer.

E o nascer...
Todos os dias se nasce um pouco
e se morre em igual escala.
Mais um traço no calendário,
mais um dia determinado ao esquecimento...

Também eu me esqueço progressivamente de ti,
não tanto quanto tu o fazes de mim.
Os problemas sociais a esta altura passam-me ao lado,
tal como os sentimentais.

Sou fantasma sem rumo,
orador sem louvor,
voz ignorada,
voz que não se ouve.
Houve tempos que foram assim
e em nada mudam,
pois sou o mesmo que sempre fui.

Peço... um único e só momento.
Não sei porquê,
tão pouco para quê.
E com isto o momento já se foi...

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