Tuesday, November 26, 2019

Sente

Questionamos muito o mundo que nos rodeia
sem que muitas vezes haja razão para tal.
Outras, não o fazemos o suficiente.

Deficiente a razão
pela qual não se demonstra o que se sente.
Onde a amostra permanece simplesmente inerte
com receio da reacção de estímulos exteriores
e os seus respectivos reflexos no interior.
Palavras, atitudes e actos
por vezes inocentes
outras lancinantes
para quem apanha com eles
sem que em certas situações 
haja mérito, destino ou razão.

Permanece além mar
a incerteza do momento que se segue...
E o tempo...
Ai o tempo
que tanto mata e tão pouco deixa viver,
condição da nossa percepção. 

Se acham que eu não faço sentido algum, 
é algo pacífico para mim.
Não tenho que ter. 

Mas párem.
Por um segundo apenas e pensem...
na diferença de tempo que sentem passar
entre o beijar e perderem quem amam.

Dizem que o tempo é relativo.
Aquilo que se sente não.

Photo by: pascalcampion

Sunday, November 03, 2019

São vocês o meu presente

Existem forças que vão e vêm
batem-nos como se nada importasse
e pouco importa quando nada se tem 
e tudo se pode
independentemente da vontade alheia
a volúpia semeia 
por entre frestas de portas 
aparentemente fechadas
mas nunca realmente presentes.
Pintas apenas de imaginação 
o medo que oprime
sem que o corpo se aperceba de tal. 

O sono esbatesse
contra a mente que luta para permanecer acordada
enquanto os braços quentes e envolventes 
me puxam para o conforto da atraente alcofa.
Mas não.
Tenho de lutar, 
tenho que escrever,
pintar o que sinto
sem saber o que sinta
onde a verdade 
não me permite que minta. 
Sinto mais que nunca
um pouco menos que ontem 
não menos presente
ou talvez apenas diferente. 
Difere a opinião, 
a visão 
turva com a confusão reinante
por entre forças que aos poucos me vão escapando. 
Sentado do alto do meu trono escrevo,
não sei bem o quê
mas também não importa.
E mesmo que importasse,
quero escrever. 
Tenho de escrever, 
cuspir as letras que me consomem,
encontrar nelas a oração que me liberta, 
por entre traços nunca escritos
das nossas vidas 
perdidas no meio de um encontro ocasional
nada fortuito, 
bem mais que real 
na sua dimensão de total
de inteira parvoíce
vazia de merdinhas que nos chateiam aqui e ali.
 
E porra. 
A música não pára
tal como eu não consigo parar de escrever
mesmo que nada diga.
Mas sabe tão bem 
ver a mente jorrar esta torrente
com as letras pretas a aparecerem no ecrã branco.
Simplesmente deixo-me levar, 
embalado pelo vosso encanto
no meu recanto, 
só nosso, 
meu, teu, vosso..
só nosso.
No próximo parágrafo do próximo dia
que se avizinha 
e nos abençoa com a sua existência.
Para todos os efeitos, 
isto não é um fim. 
Apenas uma pausa, 
em jeito de abertura para o episódio seguinte
da nossa épica história.
Amo-vos,
mesmo não sabendo se sou correspondido. 
Não importa, 
ao contrário do que sinto. 
Não necessito da vossa validação
e por vocês apenas sinto gratidão, 
no pequeno sopro que é a minha vida
no meio desta infinita imensidão. 
 
O próximo passo...
presente.
Agradeço.
 
Sempre Presente. 

photo by: dalaiharma