Thursday, December 30, 2010

Sonho




A loucura tem o seu próprio modo 
de nos mostrar o que é certo,
o que é errado.

Jovem irado que jaz na calha
de descobrir o próximo escape
perde-se na luta da descoberta de si mesmo.

Por momentos vislumbra uma multidão
despegada e desconexa
embebida na sua própria solidão.

Repete-se a rotina.
O trabalho das 9 às 6
Não te libertas da prisão.

A culpa não é tua.
A responsabilidade talvez um pouco.
Afinal quem te deu a mão?

As coisas não tem de ser assim.
Por vezes é tão simples como olhar para dentro
e dar aos demais aquilo que queremos para nós.

Cliché, por certo...
Não o é menos verdade por tal. 
O embrenhamento na lassidão dominante 
pouco espaço dá à vivência real
alimentando apenas o espaço do mortal.

O sonho que se nega sonhar,
sonho que fica por realizar...
Depende tão só de ti,
de ti, 
de ti,
de ti,
de ti, 
e de ti.
de mim... também...
Afinal que somos sem o sonho?

Saturday, December 25, 2010

Sleep makes me awake




Existem coisas que por muito tempo que passe nunca deixam olhar para além 
das pálidas imagens que jazem presentes
à minha frente,
ausentes de si mesmas
tocando no etéreo
sem noção de si mesmas.

Em redor tudo está escuro.
O isolamento é certeza que vem de dentro.
Vislumbra-se a luz que teima em não chegar.
Esperar mais um pouco, 
mais um momento,
mais um evento,
seguido de outro,
e outro 
e outro 
e outro...

Tu aí que caminhas para aqui...
Continuo sem te ver
mas sei que estás ai.
E eu... rumo... sem te ver...
cego pela tempestade de areia que se abate sobre mim...
Empurra-me para trás...
Mas não me detém...
Sei que aí vens e eu...
marcho...
sigo...
luto...
caminho...
rastejo e corro um pouco mais ...
navego...
voou....
vou... 
a correr para ti...
Nada me pode deter...

Desta vez não é ilusão...
já oiço a tua voz 
e é ela que me puxa na tua direcção.
Marcha, marcha guerreiro,
caminha em direcção à luz,
os braços que te esperam emanam o calor que te acolhe.

Recolhe,
aos lençóis,
o teu castelo, 
o teu forte,
somos unos,
somos um...

Feliz,
em ti,
em mim, 
em nós.

Não importa que não oiças a nossa voz.
Apenas que o sintas.
Eu sinto.

E por muito que enrole não consigo para isto encontrar um fim...
Talvez apenas porque isto apenas seja um início...

Comecemos então....

Sunday, December 19, 2010

Andas perdido?




Viver sempre no presente
sem bem saber o que isso quer dizer.
O manual do caminho da tua vida permanece indiferente.
Questionas sem obter resposta,
mas caminhas em frente
pois em frente poderá estar a resposta
sem saberes se a vida te esconde ou mente
permanentemente ausente.
E tu que um dia foste crente...

O lamento aqui não tem lugar.
Cismar tão pouco serve o seu propósito. 
Os actos do dia a dia são feitos sem pensar,
repetidos à exaustão, mecanizados
por vezes ludibriados
e tantas vezes nos mantemos inebriados
com esperança de esquecer o que lá vem...
o que passamos....
o que vivemos...
Por momentos somos felizes na nossa fuga, 
mas ela encontra-nos sempre
e nesse momento....
nesse momento somos sempre obrigados a tomar uma nova decisão.
Fugir?
Assumir?

O tempo que está a contar e não espera. 
Mas espera mais um pouco.
Dá-me um pouco mais de ti mesmo.
Não sou capaz de tomar tal decisão,
assim, pressionado...
Não sou capaz de respirar.
Dá-me ao menos um pouco de ar
e talvez um pouco de força para persistir.
Não vou desistir,
mesmo que esteja errado.

E tu?
O que fazes aqui?

Saturday, December 18, 2010

Nem tudo tem de ser igual, embora muitas vezes o seja...




Pendo pendurado do meu tempo
que não temo.
Invento.

Repito o que outrora disse,
pensei,
fiz,
os passos que dei
o ar que respirei,
a vida que vivi,
repeti.

Dou voltas
e revoltas
envoltas 
da mesma batida
repetida 
infinita.

Poderia até variar,
procurar uma nova canção
variação avariada de uma vazia acção.
Mas é na repetição
que encontro repetidamente a emoção.

Ver escrever o que nunca sonhei poder ser real,
surreal embebido num ideal 
legítimo, apenas por vezes leal.

Prossegue a catadupa que se entrega 
por entre a esterilidade de momentos ausentes
de mentes poucas vezes presentes
semeadas nos espaços vazios 
de um espírito que viaja aos tropeções,
repelões disfarçados de inebriantes sorrisos.

O pessimismo semeado pelos demais
por vezes torna-se demasiado démodé
vitima do seu próprio fatalismo
que sufoca a alma que procura vir à tona, 
respirar pelo menos um pouco de ar.

Respeito faz ricochete no peito.
Não reflecte a lágrima que cai. 
O tempo não pára,
E como eu gostaria que parasse 
quando vivo nos teus braços. 
Chega de escuridão 
quando tu e só tu me trazes alento ao coração.

Quero o teu sorriso.
Quero-te para mim.
Afinal...
This can be the beginning of a beautiful friendship...

Thursday, December 09, 2010

Abram alas, lá vão as palas...




Apontas o dedo à espera de uma resposta.
Deixaste levar pela torrente incontrolável
que controla todo o teu corpo.
Nada podes fazer além de te deixares cegar pelo ódio,
todo ele acumulado dentro de ti...
Descarregares toda essa fúria em quem estiver mais a jeito.
Foi assim que te vi...

A razão é ausente da acção.
Ignoras o contexto.
O que é realmente importante é o presente.
Afinal de que importa aquilo que veio de trás?

As they say "history repeats itself"

E como não há-de o ser?
A memória é curta,
da mesma forma que a visão.
Para quê compreender a outra parte?
Saber o porquê dos seus actos,
o que os condicionaram?

Tudo isso é irrelevante
e ainda mais imperdoável.
É sempre a maldade que jaz nos seus corações,
a manipulação,
a sede de poder,
nunca o medo,
nunca o pânico,
nunca o desespero.

Tic, tic, tic,
the clock is ticking
e não há tempo a perder para descarregar a própria frustração
na inocência alheia.

Corre, corre,
agarra a primeira pedra que encontres e joga-a contra o teu alvo,
esmaga-o com todo a raiva.
Não tenhas pena nenhuma, pois não é digno de tal.
Destrói, destrói,
não é digno de viver
e não permitas que isso te vá corroer.
Não se pode perder a oportunidade de eliminar a ameaça.

Não importa o que ou quem,
importa sim ser Anti.
Criar um motim,
lançar o caos,
disseminar o ódio
e alimentar eternamente a espiral de violência
exploração,
segregação,
alienação,
manipulação.
Nunca mas nunca dar a mão...
A menos que seja com ela bem fechada
para com toda a força
ser devidamente lançada.
E se não causar qualquer dano então,
volta-se a repetir.

É só rir com a desgraça alheia.
Mesmo que não seja para fora
pois não é socialmente aceitável.
Pelo menos ri-se para dentro.

Bem que podes acenar com a cabeça
e pensar que não,
mas os teus actos dizem o contrário,
tal como os meus.

Por certo que ninguém gosta de ler,
ouvir,
pensar,
ou reflectir sobre o que aqui está escrito.

A pergunta que se coloca é simples.
É este o mundo que queres?

Anda, 
dá-me a mão e vamos...
Vens?
Sozinho não sou capaz...

Rumo à indefinição




Ando afogado na imagem ilusória daquilo que sou eu mesmo.
Perco-me por entre devaneios não mortiços.
Bloqueio sem saber o que bloquear. 
Mantenho o frenético ritmo de estar parado.
Sigo no mesmo local sem me mexer.
Oiço apenas o barulho de motores a trabalhar.
Uns mais fracos, outros mais potentes.

A cama está lá ao fundo no corredor.
Não que eu corra em sua direcção. 
Tão pouco movo o meu cú do sítio onde ele está sentado.
Já me dói um pouco é certo.
Mesmo assim não o suficiente para trocar de posição. 

Continuo a jogar,
o jogo, 
o joguinho, 
mais um pontinho
e o jogo que é a minha vida
sigo sem o jogar deixando-me perder sem nada fazer.


Penso que por mais de uma vez me pedi na ilusão de um momento que passou.
Não sei bem do que se trata,
tão pouco o que me faz sentir.
Elaborar belas estrofes com sabores de nada conter.
Permitir que se siga jogando o mesmo jogo que não se conhece,
não se entende ou compreende.
E continuas a perder enquanto eu aqui estou a escrever.

Poemas uns dizem... nem sei bem porquê.
Eu simplesmente chamo uma palermice qualquer,
que nem sentido algum tem sequer.
Se quer o querer e sempre sem o fazer.
Distorce-se o sentindo, 
perverte-se a melodia,
enterrando-se o juízo,
não permitindo viver o morrer.

Como te atreves?
Como te atreves a sequer por os olhos 
naquilo que nem sequer um esgar foste capaz mostrar?
Como te atreves?

Como te atreves?

A mim só me apetecia viver.

Monday, December 06, 2010

Fantasma




Perdido na pasmaceira
embebido num sentimento 
que pouco tem de definido
vou passando
passo ante passo
ao lado daquilo que cerca
ao lado daquilo que me rodeia
entra no meu espaço
espaço que não tenho
e me pergunto, 
o que é isto?

Invisto numa incerteza
sem bem saber como o fazer.
Sigo perdido.
Removo do meu caminho não sei eu bem o quê
Mas prossigo.
Não paro.

Sempre que parei morri mais um pouco.
Os risos em meu redor parecem apenas artificiais
como meras desculpas para as capas que vestem
projectando para fora sinais de alegria,
quando no interior tudo é negro.
Tão negro que por vezes trespassa o espaço por entre os dentes
quando abrem a boca a mostrar a hipocrisia dos seus seres.

Não sou por certo melhor que todos vocês.
Mas como dizem lá na rua,
"não papo grupos"...

Caminhas, passas por mim,
ages como se eu fosse um fantasma
quando na realidade o fantasma és tu
entrevado e distanciado do teu coração 
que não sabes se bate
já que de tão distanciado está daquilo que pensas
coberto de camada e camada de aparências em cima desse corpo.

Como é imensa a distância que separa
o que demonstras daquilo que és
o que pensas daquilo que sentes

Por isso minha cara, 
o fantasma és tu.
Tu que nem uma palavra me és capaz de dirigir,
pois sabes que faço os teus podres virem todos ao de cima,
tu que te sentes desconfortável com as minhas palavras,
porque digo aquilo que sinto
e não me calo apenas porque é conveniente.
É o medo que te consome...
Não tanto de mim,
mas.... mais aquilo que eu te diga,
te faça confrontar a ti própria.
E é a ti quem realmente temes.

Sim, o fantasma és tu.
Eu questiono, segrego e sou incómodo.
Logo, é natural o teu afastamento...
Mas também não vou atrás,
por muito que o deseje.

O fantasma és tu,
E como tal optas pela convivência com outros fantasmas tais como tu.
Não enxergas que quando todos os outros se forem,
Eu ainda aqui estarei.
Pois eu não sou como tu.
Afinal o fantasma és tu.
O fantasma és tu.

Saturday, December 04, 2010

Era mesmo necessário tudo isto?




Muito pensei no que dizer, 
fazer,
ou o que iria encontrar
por entre as fachadas que me caiam aos pés.

Caminhei por entre ruínas 
decompostas daquilo que eram outrora sólidas imagens
construídas de uma vanidade atroz.

Dizes que és.. 
o irrelevante do que foi a tua vivência premente
que não discute mas mente 
da forma que pode... desconexa.

E recorres ao que te rodeia, 
desesperas sem que a espera te alcance
ou te deixes abraçar pela mão que te protege.
Estás só porque assim o desejas.
Melhor até, dizer tu.
Ou disso mesmo te queres convencer. 

Mas não me venhas atirar areia para os olhos, 
pois leio-te ao longe.
Sabes lá tu o que é música
com o poder de mudar este mundo e o outro. 

O problema não é teu, 
pois quem não tem a percepção de como o processo funciona,
jamais poderá descortinar as manipulações 
a que o mais comum dos mortais está sujeito. 
És apenas mais um nesse carreiro.

Não é para te fazer sentir melhor.
Não é esse o meu papel. 

O Juvenal trás por aí o jornal
E continuas sem lá aparecer.
Porque será?
Porque será seu vil ser?
Homenzinho sem querer,
Mulherzinha que se faz passar por santa.
No fundo és uma puta e tu bem o sabes.

Paro, olho para trás e pergunto-me
porquê?
Era mesmo necessário tudo isto?
Era mesmo?

Thursday, December 02, 2010

Deambulações vazias de um destino proscrito




Sinto que não pertenço aqui.
O local acaba por ser irrelevante.
Seja aqui, ali, acolá,
o sentimento mantém-se.
O de não pertença.

É como se eu conhecesse o mundo
e ainda mais o universo me conhecesse
e no fundo conheço tão poucos
e ainda menos me conhecem.

Todos entretidos na sua vida, 
todos entretidos no seu grupo,
e aqui o pára-quedista observa...
Tal e qual quando vou ao cinema, 
observo o que é projectado na tela
e a vida, toda ela,
a passar ao lado.

Não importa...
Nem sem bem sequer o que importa.
Emerge-se de uma natureza morta,
ou pelo menos soa mortiça...
Lânguida, vazia... 
como tu o és,
Como eu disfarço que não,
mas que no fundo sou.

Sou o seguimento do dia que foi ontem, 
o preâmbulo do amanhã.
Sem tempo para mim,
Numa vida que resta sem fim
num vazio que ficou por enunciar.   

E escrevo...
Escrever sem renunciar ao que sou,
sem bem saber o que tal é...
Pouco importa.
Pouco importa, 
desde que a natureza não seja morta.