Monday, December 06, 2010

Fantasma




Perdido na pasmaceira
embebido num sentimento 
que pouco tem de definido
vou passando
passo ante passo
ao lado daquilo que cerca
ao lado daquilo que me rodeia
entra no meu espaço
espaço que não tenho
e me pergunto, 
o que é isto?

Invisto numa incerteza
sem bem saber como o fazer.
Sigo perdido.
Removo do meu caminho não sei eu bem o quê
Mas prossigo.
Não paro.

Sempre que parei morri mais um pouco.
Os risos em meu redor parecem apenas artificiais
como meras desculpas para as capas que vestem
projectando para fora sinais de alegria,
quando no interior tudo é negro.
Tão negro que por vezes trespassa o espaço por entre os dentes
quando abrem a boca a mostrar a hipocrisia dos seus seres.

Não sou por certo melhor que todos vocês.
Mas como dizem lá na rua,
"não papo grupos"...

Caminhas, passas por mim,
ages como se eu fosse um fantasma
quando na realidade o fantasma és tu
entrevado e distanciado do teu coração 
que não sabes se bate
já que de tão distanciado está daquilo que pensas
coberto de camada e camada de aparências em cima desse corpo.

Como é imensa a distância que separa
o que demonstras daquilo que és
o que pensas daquilo que sentes

Por isso minha cara, 
o fantasma és tu.
Tu que nem uma palavra me és capaz de dirigir,
pois sabes que faço os teus podres virem todos ao de cima,
tu que te sentes desconfortável com as minhas palavras,
porque digo aquilo que sinto
e não me calo apenas porque é conveniente.
É o medo que te consome...
Não tanto de mim,
mas.... mais aquilo que eu te diga,
te faça confrontar a ti própria.
E é a ti quem realmente temes.

Sim, o fantasma és tu.
Eu questiono, segrego e sou incómodo.
Logo, é natural o teu afastamento...
Mas também não vou atrás,
por muito que o deseje.

O fantasma és tu,
E como tal optas pela convivência com outros fantasmas tais como tu.
Não enxergas que quando todos os outros se forem,
Eu ainda aqui estarei.
Pois eu não sou como tu.
Afinal o fantasma és tu.
O fantasma és tu.

2 comments:

Sweet Cherry said...

Fantasmas...
Não quisemos já todos nós em algum momento da vida ser um?
Desejar ser invisível, desejar que o Mundo se esqueça de nós?
Eu, em alguns momentos, já quis ser um... Confesso-o com vergonha, pois se o desejei foi porque me faltou a força e coragem par continuar a lutar. Mas confesso... Hoje, queria ser um fantasma!

Shaolin Dragon said...

Bem, algumas vezes também tive essa mesma vontade. Mas confesso que por vezes gostava era mesmo de ser fantasma no sentido mais voyeuristico da coisa. Saber o que os outros fazem sem saber que estão a ser observados ou pensar que estão sozinhos. Com isso talvez compreender melhor o que lhes vai na cabeça. Que fazem de tão diferente de nós... Fascina-me esse aspecto. Ah, o atravessar paredes também deve ter a sua piada ;)