Diz-se que é importante manter a coisa saudável.
Nós, pó de estrelas
que por alguma razão ainda por conhecer
nos encontramos num aglomerado de massa
frequentemente amorfa e inerte
na nossa inútil visão
onde cada acto tem a importância relativa e fechada em si mesma.
Anda fazer o não sei o quê
sem que se saiba o objectivo
onde o prazer é diminuto
no seu infinito vazio de ser
a preencher com a matéria etérea
em pouca ou nada tangível.
Pena de seda
que te toca e envolve
sem que sintas o que te esmaga a cara
aperta o coração
e te impede de viver.
O medo que não te abandona,
preso a teu pé como uma algema
em formato de bola de ferro.
O querer mover sem poder sair do mesmo sítio em que te encontras.
Merda para tudo isto,
sendo que a merda é obra prima da pessoa
que tudo amaldiçoa e nada faz para a limpar.
Inútil pedaço de esterco
que nem para cultura de vegetais serves.
Já o és na brilhante forma cinzenta de ser.
Laptop ao colo,
calças em baixo,
crias no meio daquilo que és.
Vontade de rebentar com tudo
e saber que tudo fica na mesma,
Apertado pela auto imposta prisão
de opressoras grades invisíveis,
sem possibilidade de fuga aparente
e no entanto ali está... presente
envenenado pelas vicissitudes que se impõem
sem qualquer forma de respeito pelo ser
que se alguma vez o feio,
não mais o é.
Simplesmente... perdido.
Fodei-vos.
Fodei-vos
Fodei-vos hipócritas de merda
perdidos no mundo Pepsodente
onde na era da aldeia global
a distância não é mais do que um clique
vivem imersos numa ilusão de conectividade
onde a distância entre seres não poderia ser maior.
Por isso...
Fodei-vos...
Simplesmente Fodei-vos.
Photo by: Rotor |