Thursday, October 21, 2010

Era veneno...



Estava prestes a escrever algo
destinado a destilar o mais puro veneno
entranhado dentro de mim.

Com este som... é-me difícil,
para não dizer de todo impossível o fazer.

A sensação que tenho ao ouvi-lo
não é convertível de todo em palavras.
Palavras essas que tanto nos limitam,
empurram-nos para cantos dos quais nunca queremos sequer entrar.

Mas entro, canto e digo o que me vai na alma.
Penso até por vezes que posso ferir,
mas porque não o hei-de fazer?

"Uma florzinha aqui pelo meio também não ficaria nada mal", dizes-o tu.
O que dizes... pouco ou nada me importa.
Tiveste a tua oportunidade e simplesmente a deixaste ir.
Abriste a mão, da mesma forma que eu o meu coração.
Não será por certo agora que te a darei
E tão pouco te condeno por tal.
Nunca tive jeito para carrasco, afinal.

Já me custa acabar de escrever,
tanto tenho pendente que fica por dizer.
Todo o meu corpo pede cama... adormecer.

Resisto agora que é um novo dia... noite.
Um lutar do dia anterior contra instintos de pouco salutar.
Nadar pelo meio de tanta hipocrisia acumulada,
digno de um autentico shô de feira de vaidades.

Eu não estou ali no meio.
Sou apenas figura presente que se permite expor a nu,
aquilo que os olhos julgam acreditar.

Alimentar a ilusão sem nada fazer.
Mesmo o não mexer... já é algo.
Porque julgam sem perguntar?

O som continua a tocar...
a tocar-me...
abraçar-me...
Como os teus braços que nunca senti em torno dos meus.

Era tão bom...
Era tão bom...
ficar assim.

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