Wednesday, November 14, 2012

Bi(li)s

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~kekokunkun

Perceber o que espera ao virar da esquina
sem olhar ao que se vem.
Revê na ausência do ser
que teme sem saber
se há-se temer 
o viver
sem tom de morrer.

Pedir sem o dizer
acontecendo sem o antecipar.
Orar outra vez
imerso no ruído lunar.

Sem soluções milagrosas
espera-se o que desdém.
Ao haver um caber
jamais se coloca a questão.

Outro dia que passa,
outro risco desenhado na parede branca
ilustrada em forma de flor,
deforma a visão
que um dia ocupou
o som do tambor
que bate bate sem parar de rufar.

Sem saber o que dizer
continuo a escrever
sem poder delinear as palavras calcadas no meu cérebro
marcado pelo tempo que não passa.

Basta saber que um dia tudo se passou
sem se dar por isso.
Basta saber que no limite da ilusão 
jaz o segredo de uma sombra que cheira a incógnita 
de uma insensatez melacólica, 
bucólica até.

Foi assim que descrevi 
o que senti
sem saber que menti.

Pelo menos aqui, 
sou mais que a miragem 
que um dia projectei 
no esplendor de ver nascer a certeza no ventre 
da mentira que outrora foi ímpia.

Hoje nada mais diz.
Simplesmente assim o quis.

Diz bis.

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