Friday, April 01, 2011

O calar dos deuses



Por certo
o eterno movimento incerto
perpetua-se numa ilusão 
devidamente pintada em tons de real. 

Nada jamais fica por questionar,
muito menos por responder.
Sentir no partir
ainda a ausência que está para vir.

Pelo menos os ventos
que se perdem nos tempos,
julga-se ver algo de novo
mas não mais do que o mesmo
que outrora aqui esteve
que agora ainda aqui está.

Ouviu-se por momentos 
vozes de discórdia
autêntica paródia o que se gerou por aqueles corredores,
despidos de sentimentos,
vazios de emoção.

Não aceitas um não
mas é pelo não que te ficas
e é o não que te molda,
tolda e bloqueia a plena verborreia. 

Ausência do sentir 
que estava para vir
mas que deveria residir
no estar
aqui a engonhar
sem saber como abraçar 
o espaço que nos separa
nos trouxe até aqui
e ainda não no une.

São as palavras que nos distanciam. 
Não tanto as que são ditas, 
bem pelo contrário.
As caladas não nos aproximam para um mesmo espaço
ausente da tua presença. 

As cadelas
que se querem belas
 esquecem-se que o néctar da sua beleza
jaz no sumo daquilo 
a que os mais comuns e vulgares dos mortais 
dão o nome de...
alma.

Ai quanto te anseio...
Ai quanto te espero...
Mas não desespero, 
pois o que é meu,
por certo, 
a minha mão irá vir
e o há-de cá não tem lugar...
pelo menos aqui e agora.

Assim me despeço,
assim me calo.

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