Saturday, August 07, 2010

Grande

Um dia eu fui grande...
deixei-me levar por todas essas imagens e ideias do que é ser grande.
Criei o meu próprio mundo crendo que poderia ser como ele.
Vivi sob as suas pseudo-regras delineadas ao interesse de cada um.
Tudo fiz para me integrar e respeitar os seus fieis princípios.
De que me valeu?

Vesti um fato
e fui até ordenado,
alinhado nas fileiras dessas gentes
que se nomeiam como.... adultos.

Perguntei-me a mim mesmo inclusive se fazia sentido eu ter crescido,
vivido por entre eles, bem como ainda actualmente vivo
e a resposta que saiu foi dúbia
para não dizer, vazia mesmo.

Era assim que se passavam os dias,
por entre escombros de pessoas que se fazia passar por ordenadas,
muito alinhadas mesmo...
Uma concha vazia.

Um dia eu fui grande...
Não por escolha.
Por imposição.
Digno de um lugar na carreira dos cinzos,
mas eu sou cor...
por muito negro que viva dentro de mim.

Eu... quero brincar...
ser livre.... ser feliz...
Não quero mais ser grande,
mas também não quero ser dependente
E ser grande é ser independente,
pequeno é dependente.
Afinal, em que pé é que ficamos?

Só que um dia.... eu... fui grande...
hoje... sou apenas algo indefinido,
incolor e sem sabor.
Sou uma sombra do que eu sou,
Um rosto no meio da multidão
com a bela distinção
de ser que é capaz de praticar... mutilação.

Só sei que vi os teus olhos...
E eles não mentem.
Eu... também não.

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