Thursday, July 15, 2010

meio

A música irrompe pelo meu dia
Tal como o líquido tingindo de um incógnito sentimento percorre a minha cara
precipitando-se em velocidade melancólica verso o chão
E aí fizesse renascer o morto que reside em mim.
Ele, o morto, procura por todos os meios impedir-me de viver.
Viver algo,
não sei bem o quê e tão pouco como.
Sei sim que este dia sucede apenas o anterior,
marcado pela diferença de ser um novo.
Mas no fundo, igual, pintado pela ausência do ser que um dia eu vi nascer...
...dentro de mim.
Por momentos esse aglomerado de matéria orgânica
inerte ou mais pintada de um ligeiro tom de pseudo
a quem esses recipientes vazios de alma vulgam como corpo
foi campo fértil e bem estrumado
para o crescimento de um corpo
devidamente regado, cultivado, acarinhado
e como não poderia deixar de ser devidamente espezinhado.
hoje... o dilema...
como se fosse apenas de hoje...
é verdade...
tendência crónica para a ilusão vivida como se fosse real.
Confronto de titãs entre um morto e um vivo
que vivem dentro de mim.
Nada faz desaparecer o manto que desceu
por muitas razões, lógicas e causas de ser que se encontrem
o facto é que a verdade permanece lá em cima,
altiva e tão inteira de si mesma
mas ainda mais importante que tudo isso
permanece... imutável...
E as forças que restam
deixam espaço apenas para a resignação,
de um meio que nunca serviu para um fim.

No comments: