Wednesday, July 21, 2010

Abraço

As horas difusas que insistem em marcar um ritmo compassado
não deixam de avançar relógio fora rumo ao infinito...
sem sair do mesmo lugar...
A penumbra vai-se assomando lentamente à imponente luz do sol
que bate forte lá fora e teima em não entrar janela adentro.
A roupa que outrora cobriu o corpo não mais assenta no corpo disforme,
que nada mais é do que o reflexo da alma
que se olha ao espelho e tudo o que vê é a imagem de tudo
menos... de si mesma.
Estas palavras poderiam ser perfeitamente a película de um filme a preto e branco.
Tudo está bem. Acredita em mim quando o digo.
Tudo está bem.
Não sou hipócrita quando o digo.
Sou quando o faço.
Se reparares todo o mundo roda à nossa volta, por muito que digam que não.
Que o mundo gira à volta do sol e tu não és mais do que um elemento no universo.
Curiosa visão que te abandona ao determinismo universal
e te iliba de qualquer acaso ou "Azar" que te possa surgir.
E acaba por ser até mais confortável assim,
sem haver espaço ou necessidade de questionar tudo o que jaz em teu redor.
Livra-te de pensar o contrário,
onde nada é seguro e tudo é questionável.
A começar por ti.
Sim... por ti.
Teres de olhar por e para ti,
a partir de ti
sem teres um te a quem recorrer.
Porque em última análise, meu filho ou minha filha (uma vez que desconheço o seu sexo)
estarás sempre sozinho/a.
E quando estiveres a afogar-te no meio do lago gelado
Será a tua mão estendida a pedir que te puxem
Que a multidão irá estar a admirar como se de uma obra de arte se tratasse.
Era uma cenário bonito, não era?
A realidade é que ao tal acontecer não serás peça de arte,
Não serás uma pessoas famosa lembrada por toda a eternidade,
Não serás nada,
nada mais do que um rosto que se perdeu na multidão,
que passa por ti e não te vê como mais do que um obstáculo chato
e até difícil de contornar.
Mais valia que não existisses.
E tudo o que tu querias/precisavas era um abraço.

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