Thursday, September 23, 2010

Remoinho


Preciso de bem mais que os demais.
Não que eu seja mais do que eles.
Simplesmente preciso de bem mais.
Não me contento com o pouco ou nada que tenho.
Não que eu pouco ou nada tenha,
simplesmente não me chega.
Não me contento com aquilo que aos olhos de muitos
até pode até ser muito
mas acaba por ser pouco aos meus.
Bem certo que não sou dos que menos tem
e tão pouco dos que mais tem.
Aquilo que importa aqui é que não me chega...

Existe inclusive teorias que dizem que devemos estar gratos
pelo que temos...
Eu não.
Chamem-me ingrato, não quero saber.
A mim não me chega.
Quero sempre mais e é provavelmente por isso
que por muito que tenha nunca me chega.

Não é um querer material que me alimenta...
Tão pouco.... mais uma repetição.... sei bem aquilo que quero.
Sei que aquilo que tenho que não me chega.
E é certo que para muitos eu tenho muito,
foco-me demasiadamente nos outros,
no que dizem,
no que pensam,
no que julgam,
no que fazem,
no que me excluem,
ou simplesmente me ignoram.

É curioso este mundo.
Parece tal e qual que tem as voltas trocadas.
Os que queremos que nos ignorem não o fazem
e o mesmo se aplica aqueles dos quais queremos a atenção.
Atenção.

Não se trata de todo de um sentimento de vassalagem,
jovem recluso do seu próprio mundo que o sufoca e não deixa respirar....
mas respira...
Ignorante do que vai por ai,
por aqui....
por aqui....

É tudo tão fútil....
tudo tão vão...
Saio a espaços de frente da televisão,
que me absorve e me isola do mundo lá fora.

Preciso de respirar e não consigo...
Essas imagens de pura tesão que me assolam
do ritmo glaciar que marcam as minhas passadas,
a tua presença,
a minha lembrança,
a tua ausência.... mas eu nunca te vi...
Não sei quem és e muito menos como.
Não sei o teu nome,
onde páras e o que fazes....
Mas quero-te....
Quero-te a meu lado para te poder beijar,
tocar todo o milímetro do teu corpo,
com as minhas mãos,
os meus lábios,
o que quer seja que esteja à mão...
a minha solidão.

Liberta-me desta prisão etérea
em que me prendo a mim mesmo.
Toca-me, sente-me, ama-me, mama-me
como o Deus que sou para ti...
para ti...

Os demais pouco importam...
Os demais são apenas pano de fundo...
Os demais estão permanentemente ausentes,
ou então apenas presentes quando interessa.
Tu é que me interessas.
És tu quem eu quero.
Mas eu não te conheço,
não sei quem és
nem como és,
o mundo as meus pés...
Às minhas costas...
Bem que o tento abraçar com estes braços,
mas... são tão pequenos....
não lhe cabem mais do que isto...
E sinto,
Sinto a tua falta.
Mas não sei quem és, nem onde estás.

ONDE ESTÁS PORRA????
Onde estás...
Preciso de ti....
Preciso de ti....

E tu... de mim...

Do que mais necessitas para entenderes de uma vez por todas???
A merda de um desenho?
Queres que eu o faça, é???
Mas eu não sei desenhar...
Muito menos escrever....
embora aparentemente até haja pessoas que por aí pensem o contrário...

Bem, que se foda...
Também não te conheço,
Não sei quem és
e muito menos como és...
Talvez não seja importante de todo.

Preciso....
Preciso de ser bem mais que um pedaço de carne,
um amigo,
um deficiente,
o porreiro,
o coitadinho,
o incompreendido,
o vadio,
o louco,
o descarado,
o certinho,
o atadinho,
o incapaz,
o bon vivant,
o verme,
o chulo,
o herói,
o solitário,
a puta,
o uma coisa qualquer boa ou má não importa,
que por ai anda, ao ritmo das marés que vão passando.
E eu não sou marinheiro,
embora ande por ai a navegar...

Bem, bem, bem...
já ando outra vez às voltas no remoinho...
moinho de vento,
como os que o Don Quixote perseguia.
Era tão palhacito....
Por acaso até tenho mais de Sancho do que outra coisa.
Isso é irrelevante...
Ai o Drama...
Mas para que é que eu me ponho com estas merdas???

Espera... Mas ainda estás a ler isto???



lol

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