Monday, April 28, 2008

Escrever

Queres escrever?
A fórmula é simples.
Uma banda-sonora que te ajude a dar som ao que escreves.
Uma melancolia, uma tristeza, um peso, uma angústia
que te ajude a trazer alguma alma às tuas frases.
As lágrimas dão-te a tinta que necessitas para as letras.
A solidão dá-te a folha que usas como pretexto.
Pretexto que usas para justificar cada golfada de ar que dás.
O Ritmo deve ser oscilante.
Não tem que ser necessariamente assim.
Talvez queiras algo mais monótono.
Mas o ritmo normalmente até te traz alguma vida
que recusas a viver.
Talvez porque não vejas como transformar o que sentes
num texto que tenha o mínimo de sentido.
Talvez apenas seja um pretexto para não dizer
Aquilo que sempre se disse com gestos
Mas a boca nunca foi capaz de o dizer.
O simples acto de a abrir estrangula a voz
que frequentemente trai o que o corpo se vê impedido de dizer
tocar, sentir aquilo que não se vive, aquilo que não se sente.
Mesmo que num repente tudo por magia se alterasse,
no fim, ficaria tudo na mesma.
É o vazio que nos une.
É o vazio que nos toca.
É o vazio que nos preenche.
É o vazio que à noite ocupa a cama fria.
E tu sem saberes o que dizer,
sem saberes o que fazer...
Compreendo-te...
Acontece-me o mesmo com o escrever.
Ao menos tento.
E tu?
E tu?

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