Sunday, April 27, 2008

balelas...

As mil razões que um dia foram dadas
para a vergonha dos dias passados
simplesmente passados num estado
que oscila entre a melancolia e a embriaguez
de uma alma que ignora e fecha os olhos para o que a rodeia

Poder-se-ia até se levar um ritmo mais estável
deixar a voz gritar aquilo que a mente não é capaz de decifrar
pedir um novo rumo, uma estrada coberta de branco sujo
que jaz na alegria de um firmamento ridículo

Tão ridículo que faz sorrir
sem bem saber como o fazer
O rasgar do sorriso é consistente com o rasgar do coração
que não bate mas finge que se preocupa

Na realidade o dia hoje até estava claro...
Misteriosamente passou a fazer frio e ficou escuro
Tudo marcado por uma inútil indiferença
que teima em estar presente.

Estás a ouvir?
Estás a ler?
É mais um dia, mais um traço no calendário
Mais e mais e mais de um insípido dia que teima em não acabar

A raiva que marca os passos pesados
de um ritmo que ficou por marcar,
Uma nota fora da pauta,
um suspiro que ficou por dar.

Tudo isto apenas por causa de um beijo
Tudo isto apenas por causa de um abraço
Tudo isto apenas por causa de uma incerteza
Tudo isto apenas por causa de um silêncio
Até ia dizer que se abate,
tal não é a naturalidade com que se faz presente.
Mas nada, nada seria mais errado.

A banalidade e a mortalidade
de gestos que um dia fizeram parte da vivência
do mais comum dos mortais
estão condenados a um destino que ninguém quer saber.
É falso, tudo falso.

As balelas do dia-a-dia.
E vocês ainda acreditam em estúpidas histórias de amor
que apenas lembram aos idiotas que nunca o devem deixar de o ser.

Ao fim ao cabo, os idiotas não se querem sós e perdidos
tem de ser guiados por outros idiotas de mesmo nível.
E os medos... As demonstrações de afecto...
A puta que pariu o caralho mais velho
cagou para esta merda toda.

No entanto, deixou um registo da sua existência.
Calou e escreveu.
Os idiotas, simplesmente leram.
Sim, o idiota és tu.
Eu? Não te preocupes. Viemos do mesmo sítio e não sou melhor que tu.

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