Friday, January 21, 2011

Operação Natal



Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Será que eles têm uma ardósia e giz,
onde fazem tal contagem com tracinhos brancos irregulares na vertical?
Desenharam esqueletozinhos?
Que comentários será que fazem?

Será mesmo apenas um número,
que se segue ao rótulo pomposo que arranjaram?
Operação Natal!
Operação Natal ...

Faz lembrar bacalhau,
filhoses,
borrego,
uma mesa cheia de iguarias e doces,
ofertas,
reunião,
família
e aquela prenda que se quis comprar,
apenas para se dizer... lembramo-nos...

A parte da hipocrisia já passou.
Quem se lembra de comprar sentimentos?
Perdão...
Queria dizer efectivamente prendas.
O dinheiro que se gasta...
Não só nos presentes mas também nas mensagem....

Todos querem dizer alguma coisa...

Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Será que agora já estão vivos?
Ou farão mesmo alguma diferença?
Alguém se irá lembrar deles?
O que será o Natal para eles?
E o que será para todos aqueles que não têm ninguém?
Que apenas se lembram deles neste dia?
Quem se lembra deles noutro dia?
Quem se lembra deles?
Respondam-me....
Quem se lembra deles?

É apenas um dia,
O Natal... que passou.
Os vivos por aqui ficam,
mas os mortos não.

Para o ano haverá mais Natal...
E da Operação também.

Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Número de mortos na Operação Natal sobe para 6.

Thursday, January 20, 2011

Estranho



Estranho

Tudo é tão estranho.

Estranho 
Imaginado 
sonhado.

Soalho.
Só alho.

Palavras, palavrinhas
soltadas ao desbarato.
Desbravadas
no mato que te envolve e rodeia.

Colmeia.

Com a meia.

Surreal.
Coloquial.
Temperamental.
Um mal 
sem aval
paras tudo
dizes que é a tal.

Ausente no presente,
perguntando o que foi o ontem 
sem saber o que será amanhã. 

Para a frente
para trás,
ninguém sabe, 
ninguém pára,
ninguém pergunta, 
ninguém sente.

Ausente.

No presente.

Porque é estranho.
Tão estranho.
Não tem forma, 
no entanto toca
sem ser capaz de determinar a sua origem. 

Loucura talvez.
Não vês?

O que dizes?
Éramos três, não éramos?
E felizes também?
E agora o que somos?
Abre-se uma laranja
e os gomos docinhos,
ali como nós, 
que nos perdemos na voz,
de mim em ti,
ti em mim,
em nós,
na voz.

É estranho,
tão estranho.

Não é perturbador, 
Apenas estranho. 

Não é vazio
tão pouco um rio
mas eu riu-me porque gosto
ou simplesmente não sou capaz de calar a ironia em mim.
Aquilo que vi
e aquilo que ainda quero ver.
Nem vou dizer.

É fértil o mundo, 
bem como a mente
e a estupidez humana também.
Tudo coisas ricas em alimentar aquilo que é estranho.
Tão estranho.

Entranho no medo que em mim não reside,
alimento a personalidade borderline, 
o sono que teima em não chegar, 
onde o cansaço transforma imagens claras
em borrões desfocados
de tão estranhos que são
ao saudar a nação.

Também eu saúdo, 
pois sou um estranho 
no meio de tamanha multidão.

Monday, January 10, 2011

Ressaca



Era para ser apenas mais um
no meio de nenhum
como eu
que come do meu
como sendo teu.

As horas seguem passando,
tu já estiveste voando,
passando
e cada minuto que passa mais longe estás.

Respiro um pouco mais
e o teu cheiro ainda presente em mim.
O ti,
o mim,
o nós,
une-se à minha voz,
do que sinto
em ti,
em mim,
em nós,
na voz.

O nós que não gostas
que não é a moscada
embora na Moussaka fique tão bem,
mesmo que a Lasanha quase toda tenha ficado por comer.

É a festa do engorda,
os copos ainda meio cheios,
meio vazios,
depende a perspectiva de quem os vê.
E eu que aqui não te vejo,
fico sem palavras
rodeado do que sinto
que é bem mais que as demais.
As emoções não param...

No entanto o cheiro é o teu.
Eram para ser três ou quatro coisas
num quarto que apenas recorda
do meu corpo sobre teu,
no teu, só meu...
por muito que fosse apenas nesse momento,
apenas...

Quis te fazer uma foto,
mas a foto nunca iria mostrar como os meus olhos te vêem,
como o meu coração te sente,
como a minha mão te toca,
como respiro o teu cheiro,
como a chuva nos acolhe,
a tua boca na minha,
a minha na tua,
a sensação de que cada beijo nos rouba as horas,
que passamos juntos,
bem juntinhos...
Ai essas bandidas que nos surripam um do outro.
Se as apanho....

Quero-te.
Aqui.
Com todos os bla bla blas.

Sem dúvida que o meu sorriso tem um outro brilho à luz do teu olhar.

Wednesday, January 05, 2011

és tu...




Existem mil formas de se dizer o mesmo.

Não apenas em relação ao dizer...
o mesmo conceito se aplica ao fazer.
Escolher a próxima palavra que se diz,
umas vezes coberta de sentimento,
outras não.

É assim que fala a razão, 
a forma como sinto por ti,
bem ali...

Ali bem no recanto só nosso...
As horas perdem todo o seu sentido.
O teu sorriso que me projecta para outra dimensão.
E prossegue o rodopio...
O tempo passa e não pára para te poder beijar ainda mais...
Não me canso e quero ainda mais...
mais...
mais...
e mais...

De ti em mim,
de mim em ti,
onde a fronteira entre o eu e o tu
não é mais do que difusa...
profunda...

A noção do nós
Não pode ser igualmente definida em meras fronteiras
Assim te quero, assim te vivo.

Saturday, January 01, 2011

Slam




É viciante, 
tocante,
puxa-nos
e atrai-nos,
o palco, 
a atenção toda projectada em nossa direcção,
uma ou outra alma por ali perdida
sem bem saber ao que vai...
Há de tudo.

Que texto escolher?
Como o recitar, 
o que esperar?

É viciante...

Passo de coragem
rumo à dupla exposição
a pessoa....
o texto...
os dois em um
onde tanto um como o outro alteram o estado,
a forma, 
a apresentação,
raramente ausente de emoção. 
Mais que não seja a adrenalina que corre nas veias,
Desses momentos de glória ou inglória.
Sempre o suspense...

Irão gostar?
Assobiar?
Vibrar?
Ficarão indiferentes,
tal como o presente
que passa por eles sem o viver.

Caminho e dou mais um passo
rumo ao percepício que percepciono 
como mais uma etapa a passar.
A pontuação... irrelevante...
Pois isto não é uma performance, 
não é uma obra literária, 
não é um dilúvio de sensações, 
senão para quem aqui vem,
percorre este espaço, 
ajeita o microfone, 
ou dispensa a presença do mesmo,
tudo pára
até que ele ou ela inicia...

Não importa nomes, 
pois já tantos por aqui passaram, 
mas digo-os à mesma:
Ana,
Mick,
Sérgio,
Paola,
Nilson,
Cláudia, 
Boris, 
Silva,
Napoleão, 
Ricardo, 
Samathar,
Leandro, 
Bruno, 
Ricardo,
Maria, 
David,
Tiago,
Márcio,
Catarina,
O ilustre desconhecido que teima em não aparecer,
e mais algum que possa ter esquecido, 
todos eles gladiadores da palavra,
que aqui estão, 
neste magnifico espaço,
para vocês, 
com vocês,
o público...
Somos todos nós.
É o Slam...

É o Slam...
É a partilha que me move...
E troco os meus aplausos 
pelo prazer que tenho ao ser bombardeado por ideias que me fazem pensar, 
ir mais além daquilo que sou.

Mas não contem comigo para uma fogueira de vaidades...
Serei sempre eu a cuspir-vos na cara quando assim o sentir.
Quem ganha ou perde, 
irrelevante...
Já o prazer da partilha não se mede.

É o slam
e este é o meu tributo a todos vocês
que participam no Slam.

A garrafinha cá nos espera no final.